Chinelo Velho e Surrado
Estou velho e surrado,
Já me amoldei ao seu pé.
Estou todo impregnado
Com os fungos do seu chulé.
De tanto ser arrastado.
Ir aonde ninguém quer.
Meu solado... Oh! Coitado!
Já não cabe mais seu pé.
O dedão foi para um lado!
Tá sobrando calcanhar!
E o mindinho, coitado,
Se esforça pra não sobrar!
Não sou lembrado pra festas...
E nenhum lugar sagrado!
Bem pouca coisa me resta!
Só feira, açougue e mercado.
Bom seria ser lembrado,
Após tanta serventia,
Que eu fosse aposentado
Ou recebesse alforria.
Mas eu não sou deputado.
Não tenho mil regalias!
Nem foro privilegiado
Que me dê uma garantia.
Meu destino está selado!
Quando não puder suster,
Sobre mim, esse seu fardo,
Não sei quem vai mais sofrer:
Eu que não faço mais jus
Ou tu, da rua, um bicho!
Tu, que é jogado no SUS
Ou eu, na lata do lixo!
Observando a Vida
Mauro Pereira
Estou velho e surrado,
Já me amoldei ao seu pé.
Estou todo impregnado
Com os fungos do seu chulé.
De tanto ser arrastado.
Ir aonde ninguém quer.
Meu solado... Oh! Coitado!
Já não cabe mais seu pé.
O dedão foi para um lado!
Tá sobrando calcanhar!
E o mindinho, coitado,
Se esforça pra não sobrar!
Não sou lembrado pra festas...
E nenhum lugar sagrado!
Bem pouca coisa me resta!
Só feira, açougue e mercado.
Bom seria ser lembrado,
Após tanta serventia,
Que eu fosse aposentado
Ou recebesse alforria.
Mas eu não sou deputado.
Não tenho mil regalias!
Nem foro privilegiado
Que me dê uma garantia.
Meu destino está selado!
Quando não puder suster,
Sobre mim, esse seu fardo,
Não sei quem vai mais sofrer:
Eu que não faço mais jus
Ou tu, da rua, um bicho!
Tu, que é jogado no SUS
Ou eu, na lata do lixo!
Brasília-DF,10/03/2018
Observando a Vida