Jogo de Cartas
I
Sem chuva na terra
Não tem água farta,
Nem jogo de carta,
Curinga na mão.
Vem a seca brava,
Meu grão se perdendo,
O gado morrendo
Por inanição.
II
Se não vem em tempo,
Penamos com sede:
Uma seca verde
Bancando o peru.
As cartas na mesa,
Mas sem ter cacife,
Barco no recife,
Praga de urubu.
III
Todos os caminhos
Levam ao açude...
- Oh, meu Deus, me ajude
A ver o grotão
Correndo veloz,
Rolando águas fartas,
Enfim, dando as cartas
E encharcando o chão!
Ritemar Pereira