ZAMBELÊ NO CANJERÊ

Zambelê não via nada

Contudo enxergava tudo

Enxergava a cor da música

E os acordes da florada

Ele estava sempre alerta

Mesmo quando cochilava

Pressentia a porta aberta

E a jararaca brava

Da cegueira do andarilho

Muita gente duvidava

Mas seus olhos tão sem brilho

Nem o fogo iluminava

Caminhava nas florestas

Como se estivesse em casa

Adorava ir às festas

E também leitão na brasa

Este era o Zambelê

Pobre, rico de alegria

Cabra honesto como o quê

Transbordante de energia

Mas um dia, ele se foi

Ninguém mais viu Zambelê

Para onde ele se foi?

Renasceu no Canjerê