DE POSTIÇO A ALMA SALVA

Sempre deste jeito:
Eis a natureza,
p'ro céu em canteiro,
toda realeza.

Mas somos assim,
perdidos e tolos.
O natural fim
para os desconsolos.

Era preferível
manter o arvoredo,
assim comovível,
do que a morte cedo.

Mas virou papel.
P'ra nos consolar.
Deste amargo fel,
mar de desamar.

É neste vazio
que a pena desliza
Mal sabe ela... O cio
que nos minimiza...

Só que ao tirar isso,
de nós para nós,
o amor tão postiço
amarra-se em nós.

E torna-se vida
naquela folha alva,
numa alma despida
de um mundo que a salva.