Pai de chiqueiro
O coronel Ludovico,
cidadão mui respeitado,
além de ser cabra rico,
um solteirão cobiçado,
tem fama de ser valente,
de matar cobra no dente,
mesmo o dente cariado.
Nascido em Piripiri,
quando ainda corrutela
das colheitas de pequi
e de pitomba amarela,
o coronel destemido,
dizem que foi parido
por uma moça donzela.
Uma cabocla tão bela,
tão faceira, tão formosa,
que foi atriz de novela,
foi poesia, foi prosa...
Era dona dum perfume
capaz de botar ciúme
na mais perfumosa rosa.
Tinha feição animosa,
quadril bem acinturado,
uma anca buliçosa
a convidar pro pecado
A caboclinha Angelina,
que guardava na vagina
os beijos do namorado.
O rebento batizado
pelas mãos de Damião,
depois de ser consagrado
na primeira comunhão,
partiu pelo mundo afora
com Deus e Nossa Senhora
e se embrenhou no sertão.
Treinado por Lampião
nas artes da carabina,
peixeira, faca e facão
e na paixão feminina,
saiu de lá com patente,
feito segundo-tenente,
pra morar em Teresina.
Num casarão de esquina
assentou a moradia:
jogo de bola, piscina,
adega e churrascaria...
Pé de manga, tamarino,
local pra fazer menino:
sua maior valentia!
Fosse noite, fosse dia,
tinha sempre algum xodó:
moça bonita e sadia
num deixava uma só
sem visitar o seu leito
para provar o efeito
do caldo de mocotó.
Dançarino de forró,
xote, xaxado e baião,
nem tirava o paletó
pra fazer vadiação.
Alugava o sanfoneiro,
a zabumba, o pandeiro
e dois terços do salão.
Pra num fazer confusão
com marido enciumado,
trazia no cinturão
um três-oitão carregado.
Cabra metido a valente
ou rebaixava a patente
ou punha a bunda de lado.
Pois, como diz o ditado,
agachou tem que rezar.
Um coronel respeitado
não se deixa intimidar.
Depois de feito o serviço,
agendava o compromisso
pra viúva ir consolar.
O coronel do lugar,
cumpridor do seu papel,
tem estória pra contar,
como qualquer menestrel.
No nordeste brasileiro
é mais um pai de chiqueiro,
a enfeitar o cordel.
O coronel Ludovico,
cidadão mui respeitado,
além de ser cabra rico,
um solteirão cobiçado,
tem fama de ser valente,
de matar cobra no dente,
mesmo o dente cariado.
Nascido em Piripiri,
quando ainda corrutela
das colheitas de pequi
e de pitomba amarela,
o coronel destemido,
dizem que foi parido
por uma moça donzela.
Uma cabocla tão bela,
tão faceira, tão formosa,
que foi atriz de novela,
foi poesia, foi prosa...
Era dona dum perfume
capaz de botar ciúme
na mais perfumosa rosa.
Tinha feição animosa,
quadril bem acinturado,
uma anca buliçosa
a convidar pro pecado
A caboclinha Angelina,
que guardava na vagina
os beijos do namorado.
O rebento batizado
pelas mãos de Damião,
depois de ser consagrado
na primeira comunhão,
partiu pelo mundo afora
com Deus e Nossa Senhora
e se embrenhou no sertão.
Treinado por Lampião
nas artes da carabina,
peixeira, faca e facão
e na paixão feminina,
saiu de lá com patente,
feito segundo-tenente,
pra morar em Teresina.
Num casarão de esquina
assentou a moradia:
jogo de bola, piscina,
adega e churrascaria...
Pé de manga, tamarino,
local pra fazer menino:
sua maior valentia!
Fosse noite, fosse dia,
tinha sempre algum xodó:
moça bonita e sadia
num deixava uma só
sem visitar o seu leito
para provar o efeito
do caldo de mocotó.
Dançarino de forró,
xote, xaxado e baião,
nem tirava o paletó
pra fazer vadiação.
Alugava o sanfoneiro,
a zabumba, o pandeiro
e dois terços do salão.
Pra num fazer confusão
com marido enciumado,
trazia no cinturão
um três-oitão carregado.
Cabra metido a valente
ou rebaixava a patente
ou punha a bunda de lado.
Pois, como diz o ditado,
agachou tem que rezar.
Um coronel respeitado
não se deixa intimidar.
Depois de feito o serviço,
agendava o compromisso
pra viúva ir consolar.
O coronel do lugar,
cumpridor do seu papel,
tem estória pra contar,
como qualquer menestrel.
No nordeste brasileiro
é mais um pai de chiqueiro,
a enfeitar o cordel.