REDONDILHAS DO MEU MAR
Eu fui à beira do mar
Mesmo sem ser marinheiro
Atraiu-me o marulhar
De uma voz de nevoeiro.
Com um odor a maresia
Vindo de dentro de mim
Admirei com nostalgia
A cor verde carmesim.
Azul celeste por cima
À tona cor de sulfato
Sargaços para a vindima
E beleza ao desbarato.
Na areia passei os pés
E na espuma os fui lavar
Não há ondas nem marés
Quero apenas namorar.
Senti algas e peixinhos,
Na lembrança um arrepio,
Saudade dos teus beijinhos
Colhidos ao pé do rio.
Ó minha bela sereia
Oiço bem a tua voz
O teu feitiço de Medeia
Esvoaça em brisa veloz.
Tenho água pela cintura
Horizonte de arrebol
És espelho e tens finura
E cabelos da cor do sol.
Não tenho amor nem assento
Só tu me trazes ao mar
Sou como o barco sem vento
Remando p´ ra te encontrar.
Vem, ó sereia esquecida,
Que eu não te quero perder
Minha paixão, minha vida,
Minha angústia de viver.
És minha noiva formosa,
No meu agitado mar,
Tu, Sereia, és branca rosa
De um sonho por desfolhar!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE