REDONDILHAS DO MEU MAR

Eu fui à beira do mar

Mesmo sem ser marinheiro

Atraiu-me o marulhar

De uma voz de nevoeiro.

Com um odor a maresia

Vindo de dentro de mim

Admirei com nostalgia

A cor verde carmesim.

Azul celeste por cima

À tona cor de sulfato

Sargaços para a vindima

E beleza ao desbarato.

Na areia passei os pés

E na espuma os fui lavar

Não há ondas nem marés

Quero apenas namorar.

Senti algas e peixinhos,

Na lembrança um arrepio,

Saudade dos teus beijinhos

Colhidos ao pé do rio.

Ó minha bela sereia

Oiço bem a tua voz

O teu feitiço de Medeia

Esvoaça em brisa veloz.

Tenho água pela cintura

Horizonte de arrebol

És espelho e tens finura

E cabelos da cor do sol.

Não tenho amor nem assento

Só tu me trazes ao mar

Sou como o barco sem vento

Remando p´ ra te encontrar.

Vem, ó sereia esquecida,

Que eu não te quero perder

Minha paixão, minha vida,

Minha angústia de viver.

És minha noiva formosa,

No meu agitado mar,

Tu, Sereia, és branca rosa

De um sonho por desfolhar!

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 12/02/2015
Reeditado em 13/02/2015
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