Velho Ano Novo
Abri o ano chorando
pelo povo analfabeto.
Pelos sem pão e sem teto
que esperarão até quando?
Abri o ano clamando
por liberdade e respeito,
por quem vive insatisfeito,
pelos loucos e dementes,
por maliciosas correntes
pelo corrupto reeleito.
Uma lágrima de indulto
molhou meus olhos cansados
pelos impostos pesados,
por desrespeito e insulto,
pelo valor de alto vulto,
desviado qual sangria
na nova pirataria
deste terceiro milênio.
Chorei a fome do gênio
e o trono da ousadia.
Chorei pelos desdentados
sem um sorriso nos lábios.
Pela pobreza dos sábios
e o ouro dos descarados.
Clamei por injustiçados
e pelos soltos de novo,
mas que roubaram o povo
e usaram falhas da lei.
Chorei, chorei e chorei
pelo velho ano novo.