Canção do Exílio meu
I
O Guaribas corre
Após bom inverno.
E no meu caderno,
Rabisco emoção,
Que é como patinhos
Que ciscam na roça...
E a minha carroça
Vai riscando o chão.
II
Não sei desenhar
Paisagens ou rostos,
Mas sinto os desgostos
Na ponta do giz.
Escrevo uns versinhos
De amor e saudade;
Sinto, de verdade,
Que sou bem feliz.
III
De cima do morro
Avisto o mercado:
Um grande telhado
Brilhando perfeito.
E a cidade alegre,
Ilha no deserto,
De longe ou de perto,
Não sai do meu peito.
IV
Não sei desenhar
Rabiscos em tela,
Esta canção bela
Pode retratar:
"A minha saudade
De mar tem tamanho:
E aqui levo o sonho
De um dia voltar.”
(Campinas-SP, 03.11.1997)
Nota: Este poema foi escrito no Bosque dos Jequitibás, em Campinas e três anos depois, ganhou melodia. É minha canção do exílio.