Canção do Exílio meu

I

O Guaribas corre

Após bom inverno.

E no meu caderno,

Rabisco emoção,

Que é como patinhos

Que ciscam na roça...

E a minha carroça

Vai riscando o chão.

II

Não sei desenhar

Paisagens ou rostos,

Mas sinto os desgostos

Na ponta do giz.

Escrevo uns versinhos

De amor e saudade;

Sinto, de verdade,

Que sou bem feliz.

III

De cima do morro

Avisto o mercado:

Um grande telhado

Brilhando perfeito.

E a cidade alegre,

Ilha no deserto,

De longe ou de perto,

Não sai do meu peito.

IV

Não sei desenhar

Rabiscos em tela,

Esta canção bela

Pode retratar:

"A minha saudade

De mar tem tamanho:

E aqui levo o sonho

De um dia voltar.”

(Campinas-SP, 03.11.1997)

Nota: Este poema foi escrito no Bosque dos Jequitibás, em Campinas e três anos depois, ganhou melodia. É minha canção do exílio.

Jarrê
Enviado por Jarrê em 15/05/2014
Reeditado em 30/05/2017
Código do texto: T4807470
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