A PALAVRA
Ressonância constante,
Latentes ecoam
Nas linhas do tempo,
Palavras.
Das cirandas-cirandinhas
Aos cânticos de guerra;
Dos clamores dos cativos
À vitória de Mandela;
Catequese e heresia;
Redenção e tirania;
Israel I Palestina,
Palavras.
Nas cartas de amor,
Nos versos repetidos;
Nos gritos de rancor,
Num sussurro ao pé do ouvido;
Das mulheres reprimidas
Aos gemidos de femina,
Palavras.
Nas entranhas da História,
São tuas glórias e derrotas.
Meu tempo pertence a ti,
Palavras.
Virtudes e mazelas,
Poesia e mais miséria;
Este é o mundo
Q'aos meus olhos se revela.
Na desordem dos fatores
Somos todos seu produto,
Somos ronco dos motores,
Contemplamos o absurdo.
Quem me dera longe disto;
Existir num helenismo;
Sem padrões, definições,
Sem moral, contradições.
Teu domínio só seria
A lírica poesia,
Os versos no teatro
E a filosofia.
As cartas de amor, claro!
Esquecer não poderia.
Melhor morrer seria.
Deixo então meu devaneio
S'tou de volta ao desespero.
Entre gritos e sussurros,
Poesia e miséria;
Ressonância constante,
Latente ecoa
Nos caminhos da alma,
Sem calar jamais.
Exige a igualdade,
Pede a diversidade;
Entre tantas as palavras,
Liberdade!