Num Velório de Criança
Pobrezinha! merecia
Ter na vida melhor sorte;
Ontem mesmo falecia
Para as terras de além-morte.
Ontem mesmo, na ciranda
Muito alegre ela cantava.
Via as flores na varanda,
Uma a uma ela regava.
Pobrezinha! como ria!
Parecia um meigo anjinho.
Na pureza - sempre via -
Caridade no caminho.
Ontem mesmo, com seus manos,
Prometeu nunca faltar.
Hoje... dorme sob os panos,
Sem poder nem respirar.
Pobrezinha! Seus cabelos
Eram cachos aromais;
Ai, meu Deus! como eram belos
Seus olhinhos fraternais!
Ontem mesmo, co'a mãezinha
Ajudando na limpeza,
Carregava uma cestinha,
Se esforçando com firmeza.
Pobrezinha! na miséria
Da casinha onde morava,
Meditava sempre séria...
De piedade ela chorava.
Ontem mesmo, com beijinhos
De carinho nos seus pais,
Contou tantos segredinhos...
Hoje... já nem fala mais.
Pobrezinha! tão pequena!
Tão devota de Jesus...
Faleceu sem sentir pena,
Segurando a própria cruz.
11 de Setembro de 2013