Versando no recorte

Puxei o talo e o chicote, que no estalo assustou o bode

Apeei do macho, que não da em cacho e não faz fricote

Tremeleei o cinto e melei a bota chutando onça no desemboque

Zerei o verso no reverso desafiando a própria morte.

Matei a sede que me matava, com aguardente lá do seu Roque

Fumei um palheiro de fumo nobre de palha fina que tem lá no lote

Tirei uma tira do meu cavanhaque, e aparei as pontas do meu bigode

Abeirei o monte lá da cascata, pra assistir a vida de camarote.

Curvei de joelho lá na capela, para agradecer toda a minha sorte

Aguei a rosa do vaso de barro, que esta aos pés da Aparecida do norte

Orei a risca uma novena, e pedi ao pai todo o seu suporte

Deixei listados todos os pecados, em sua espada de fino corte.

Busquei a bela, no sitio dela, mas antes, armei um bote

Azarei a mala de seu padrasto e nem dei bola para o velhote

Casei com ela e esta firmada, depois da colheita nasce o filhote

Limpei a lista e deixei de lira escrevinhando, só com verso forte.

........... “ Catarino Salvador “.

Catarino Salvador
Enviado por Catarino Salvador em 30/01/2013
Reeditado em 25/02/2013
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