DE VOVÓ PARA OS NETINHOS

No princípio, apenas Deus,

nada mais, mais nada havia.

Na eternidade do espaço

o tempo não transcorria.

De nada valia o espaço.

De nada o tempo valia.

Deus – o Supremo Senhor

do tempo - todo esse espaço

desde sempre percorria.

Sonhava um novo universo

que outro antes deste, por certo,

pleno de luzes teria.

A vida – esse dom sublime –

por Ele e n’Ele vibrava,

dava ao Nada algum sentido.

Fazia lembrar um quadro

distante das mãos do artista

e ainda descolorido.

Pois que a noite dominava,

até que o bom Deus com arte,

amor e sabedoria,

fez eclodir de entre as trevas

esplêndido sol, gigante,

ao qual chamou “Luz do dia”.

Surgiu, assim, a matéria,

como a lava incandescente

no interior de um vulcão.

Estrondo intenso deu corda

ao tempo – o relógio eterno.

E o espaço ocupou-se, então.

Novas estrelas e mundos

e, dentre eles, o nosso

recebem a luz da vida.

Pródiga, a natureza

faz da Terra a jóia ímpar

que Deus, o Ourives, lapida.

E sem que saibamos como,

nem para que, nem por que

chegamos e d’onde viemos,

ao escrever nossa história,

outros pequeninos deuses

orgulhosos nos fizemos.

O belo planeta azul

é o lar-escola que herdamos.

Malgrado sofra os reveses

do homem dominador,

devemos confiar, crianças,

que nos governa o Senhor.

(Da coletânea de Sergio de Sersank)

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