DESVENTURA INFINITA (SOLILÓQUIO)
Dize, ó! dize, minh'alma,
Por que tens impressa em ti
A desventura infinita?
Sinto palpitar em ti…
Tão funesta e deplorável,
Tens o horror da sombra escura!
No teu semblante pesado,
"Conservas a nódoa escura"!
Ah! a luz do teu olhar
Tem um íntimo desgosto!
Cantas na canção funérea
O tema que foi imposto…
Convives co'a mágoa intensa
E tens indizíveis dores.
Fustigam-te estes lamentos…
E enleiam-te de pavores!
Hoje, vives dos despojos,
— O que restou do passado —
Hoje, às lágrimas recorres,
Por teu lamentoso estado.
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Emudeceste Alma, agora?
Eis-te aí, tão vulnerável!
Não tens passado e nem glória!
Jazes aqui... miserável!