DESVENTURA INFINITA (SOLILÓQUIO)

Dize, ó! dize, minh'alma,

Por que tens impressa em ti

A desventura infinita?

Sinto palpitar em ti…

Tão funesta e deplorável,

Tens o horror da sombra escura!

No teu semblante pesado,

"Conservas a nódoa escura"!

Ah! a luz do teu olhar

Tem um íntimo desgosto!

Cantas na canção funérea

O tema que foi imposto…

Convives co'a mágoa intensa

E tens indizíveis dores.

Fustigam-te estes lamentos…

E enleiam-te de pavores!

Hoje, vives dos despojos,

— O que restou do passado —

Hoje, às lágrimas recorres,

Por teu lamentoso estado.

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Emudeceste Alma, agora?

Eis-te aí, tão vulnerável!

Não tens passado e nem glória!

Jazes aqui... miserável!

angelk
Enviado por angelk em 19/05/2012
Reeditado em 15/07/2015
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