ESTÍGIO TORMENTO
"Morrendo estou na vida,e em morte vivo
vejo sem olhos e sem língua falo;
e juntamente passo glória e pena"
(Camões)
No estertor da noite fria,
Eu ouço a voz d'agonia!
Rasga-se na dor o peito…
Eu desfaleço no leito!
O tempo devora a vida
Da minh'alma ensandecida!
E no destino odioso,
O meu pranto alaga o rosto!
Nos olhos, o pranto ferve
No coração, a dor cresce.
Céus! Que erros cometi
Para ser tão infeliz?
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Ai de mim! estou cansada!
Esta alma fatigada,
Embebida de pavor,
Desfaz-se em tormento e dor!
E no contínuo delírio,
Arrocha-se este martírio!
Densa noite de segredo;
Noite de tremor e medo!
E na noite de lamento,
O meu estígio tormento!
Por mais que grite esta dor,
Voa ao vento o meu clamor!
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