O, ME PERDITUM!...
" Na vida para mim não há deleite!"
(Florbela Espanca)
O, me perditum!
Sempre atroz foi essa vida
Perdi sonhos, a alegria...
Por isso eu sou contida!
O, me perditum!
Eu trago n'alma o medo!
Essa dor envelheceu
A mim e todos segredos!
O, me perditum!
A tristeza inspira verso!
Os meus versos sufocantes
Que são tão incontroversos!
O, me perditum!
Grito, grito, grito, grito!...
Tudo o qu'há no fundo d'alma,
Eu revelo nesse grito!
O, me perditum!
Passam dias, voam horas!...
Nos meus versos condoídos,
Só me resta o pranto, agora!
O, me perditum!
Ó chorosos versos meus!
O gemer d'alma m'assusta!
Insensata assim sou eu?
O ,me perditum!
Eu não quero mais chorar!
Os anos estão passando!...
Quero dormir... descansar!
O, me perditum!
Este poema foi escrito
Numa imensa solidão,
Em um dia tão sofrido!