O Doutor na Academia
No Rio Grande há campeiros,
citadinos noutra esfera.
Com mesmo tempo de espera
os segundos e os primeiros.
são patriotas brasileiros
e prezam boa poesia,
ou romance que historia
a miragem do doutor.
E todos são a favor
Do Scliar na Academia.
No Rio Grande há novela
Como Os Deuses de Raquel
A nação de Rafael,
estranha, porém tão bela.
A pátria verde amarela
discrimina e distancia,
mas os da pampa bravia
mesmo assim mostram valor.
E todos são a favor
Do Scliar na Academia.
No Rio Grande há histórias
de vinho e serras gaúchas
ou três histórias de bruxas
com talentosas memórias.
Homens revivem as glórias
com mérito, hoje em dia.
O leitor se delicia
com a idéia do escritor.
E todos são a favor
Do Scliar na Academia.
No Rio Grande bravo e belo
há causo estilo gaudério,
em Porto Alegre, mistério,
nobre festa no castelo.
Porém os donos do prelo
São partes da trilogia.
Fazem da folha vazia
o palco para o autor.
E todos são a favor
Do Scliar na Academia.
No Rio Grande, este confim,
tendo câmara na mão,
guarany no coração
e centauros no jardim,
um da guerra no Bom Fim
solo se aquartelaria
e aos voluntários diria:
mesmo só, sou vencedor.
E todos são a favor
Do Scliar na Academia.
No Rio Grande há bem mais
que cavalos e obeliscos,
mais que duas São Franciscos
ou ode aos ancestrais.
Carnaval dos animais,
Bala dos falsos messias.
Não creio em sociais magias,
por isso eu, pajador,
indico este senhor
pra todas academias.
(Poema em décima composto quando da campanha de Moacir Scliar para a Academia Brasileira de Letras. Publicado na coluna Contracapa, de Roger Lerina, na Zero Hora.)