Com mil sabiás no peito
(Protesto à trilha sonora do seriado A Casa das Sete Mulheres.
No seriado A Casa das Sete Mulheres não havia trilha sonora gaúcha. A Globo ignora o artista rio-grandense como se ele não existisse, assim como foi em O Tempo e o Vento e outras produções, por isso fiz este protesto na época.
Mas está atualizado porque na novela Araguaia, recentemente apresentada, os protagonistas eram personagens gaúchos e não havia música gaúcha nas trilhas da novela.)
Se ouves ao Cenair
certamente que te rendes.
Ao Noel e ao José Mendes
também vale à pena ouvir.
É preciso se despir
de todo o preconceito
e deixar fazer efeito
diversidade de estilo
pois Jayme, Gildo e Rillo
tinham mil sabiás no peito.
Mestres da arte nativa
nos legaram o seu som.
Um foi o nosso Drummond
outro, nosso Patativa.
Cada qual, legenda viva
que merece mais respeito.
Requer só o de direito.
Ao ser ouvido convence.
O artista rio-grandense
possui mil sabiás no peito.
Contemporâneos cantares
Juliana, Ângela, Luiza
Fátima, Analise, Eliza
Marlene, Torres, Tavares.
Almeida, Paim, Collares,
tauras no nosso conceito.
Respondem a qualquer pleito
Rocha, Fagundes, Marenco
são alguns deste elenco
com mil sabiás no peito.
Há Saldanha, Oliveira,
Machado, Morais, Maicá
Borges, Guedes, Barbará
Quevedo, Ortaça, Ferreira,
Martins, Biriva, Fronteira,
cada qual com o seu feito
e ainda não satisfeito,
Brum, Victor, Freitas, Saratt.
Tauras de verso e de mate
Com mil sabiás no peito.
Sobra cavalo campeiro
para a trilha que não tinha
em Maia, Gomes, Caminha,
Bérgamo, Costa, Monteiro,
Verona, Marques, Pinheiro,
cada um com o seu jeito,
cada acorde, um efeito.
Borghetti, Cardoso, Cruz,
são tauras dedos de luz
com mil sabiás no peito.
Falta espaço, simplesmente
pra que na décima explique
Magallanes, Reis, Manique,
Carvalho, Vargas, Vicente,
e por não caber mais gente,
perdoe-me, insatisfeito.
Não é que não foste eleito.
Nem falei nos pajadores,
nos poetas e trovadores
com mil sabiás no peito.
Por isso há um triste engano
neste tão belo seriado.
Esqueceram o Rosado,
Barros, Selau, Caetano.
Falta o artista pampeano
pra tudo ficar perfeito.
E o pampa seria aceito
com sua arte musical.
Seria o Brasil bagual
com mil sabiás no peito.