Tributo ao Pajador

O bochincho deu-lhe fama

a pajada me fez fã.

O verso tal qual tajã,

emplumado pentagrama.

Arte mágica conclama

o poeta à boemia.

É o vôo de energia

nas noites enluaradas,

para pousar nas pajadas,

improvisadas no dia.

Foi De Fogão em Fogão

que tornou-se o pioneiro

para domar De Primeiro

o mais xucro redomão.

E com Botas de Garrão,

abre cancha e bate cachos,

pois num Potreiro de Guaxos,

bem num costado de cerro,

meio À Moda Martín Fierro,

seus versos já nascem machos.

Quantas Paisagens Perdidas

do Pajador e Troveiro.

Seu entono Missioneiro

merecia muitas vidas.

Nas chegadas e partidas

de Cabral e de Vespúcio

o pajador é um Confúcio

de xucra filosofia.

Mostra à pampa bravia:

Pajada do Negro Lúcio.

Reescreve o prefácio

pajando rude arpejo,

Filosofia de Andejo

dá voz ao Tio Anastácio,

ao Cho-Égua, ao Bonifácio,

aos tropeiros e às prendas

de pulperias e vendas.

Aos do Galpão de Estância,

Rima contra a ignorância:

Pátrias, Fogões e Legendas.

O Vento e o Pajador

são iguais, são infinitos.

Da terra Nasceram Gritos

e Charlas de Domador.

Remorsos de Castrador

que castra e marca por farra.

Ambos são como cigarra,

melodias do pampeiro.

Gaita, Cordeona, Gaiteiro

Pajador, Pampa, Guitarra.

Alma Pampa Sem Diploma

Prece, Geadas, Destinos;

uruguaios e argentinos

sem diferença de idioma

e o brasileiro que soma,

com Paisagens Missioneiras.

Por não querer mais fronteiras,

bem antes do Mercosul,

já canta a união do sul:

Milonga de Três Bandeiras.

Sou seu aluno confesso.

É o que eu Quisera Ter Sido.

Deus atende Meu Pedido

Por isso nada mais peço.

Nesta Evocação expresso

com Meu Canto campechano,

a Dom Jayme Caetano

a gratidão que nos salva

e entrego à Estrela Dálva

este chasque pampeano.

Dou a Última Clavada

do Paraíso Perdido

simplesmente agradecido

ao patrono da pajada,

mas tudo na vida é nada

sem Guitarra e sem poesia.

Ao pajador pediria:

reserve um terreno azul

que o Brasil Grande do Sul

deixo, Talvez Algum Dia.

Se Deus diz: Está na Hora

de haver Silêncio e Luz,

No Corredor, Uma Cruz

há de ficar campo afora.

Eu apeio, sem demora,

do mesmo jeito, altivo.

Pois nesse Galpão Nativo

dois tauras hão de matear

e Do Tempo vão de zombar

sem ter Chimarrão do Estrivo.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 05/05/2011
Código do texto: T2950648