Os Pajadores

São dois palanques plantados,

dois esteios de porteira

para a tropa guitarreira,

dois versos improvisados.

Dois olhares concentrados

numa paisagem distinta.

Um pinta, outro repinta

seu perfume sobre a tela

com a fragrância mais bela

do encanto que alma sinta.

São dois lados de um assunto

como quem a tropa encerra

voz no céu e pés na terra

num precioso contrapunto,

num confronto adjunto

pra formar seu universo.

São o verso e o reverso

de tão sublimes visões.

São frutos de inspirações.

São filhos do próprio verso.

São tauras de alma bravia

dois gaúchos na estampa

São dois pedaços do pampa

no perfil e na poesia.

São rimas, filosofia,

improvisos e patriadas.

São guitarras afinadas,

verseadores em repecho.

São o enlace e o desfecho

de tão magistrais das pajadas.

(Extraído do livro Pajador do Brasil- Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 04/05/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T2948618