Os Pajadores
São dois palanques plantados,
dois esteios de porteira
para a tropa guitarreira,
dois versos improvisados.
Dois olhares concentrados
numa paisagem distinta.
Um pinta, outro repinta
seu perfume sobre a tela
com a fragrância mais bela
do encanto que alma sinta.
São dois lados de um assunto
como quem a tropa encerra
voz no céu e pés na terra
num precioso contrapunto,
num confronto adjunto
pra formar seu universo.
São o verso e o reverso
de tão sublimes visões.
São frutos de inspirações.
São filhos do próprio verso.
São tauras de alma bravia
dois gaúchos na estampa
São dois pedaços do pampa
no perfil e na poesia.
São rimas, filosofia,
improvisos e patriadas.
São guitarras afinadas,
verseadores em repecho.
São o enlace e o desfecho
de tão magistrais das pajadas.
(Extraído do livro Pajador do Brasil- Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)