Pajador Patriota

Quando eu canto feliz

este pedaço de chão

escancaro o coração

pro meu imenso País.

Se meu cantar tem raiz

e veste bombacha e bota

não é rudeza da grota

nem da individualidade.

É nada mais que a verdade

de um pajador patriota.

Hoje, em tempos de paz,

venho buscar meu direito,

repudiando o preconceito

de um regional incapaz.

porque um pajador não faz

verso ignóbil por lorota.

Se uma homenagem brota

pra Sepé ou Caraí,

é um verso nascido aqui

de um pajador patriota.

Se versejo pras Missões,

Litoral, Campanha ou Serra,

eu canto à minha terra

sem louvar outras nações.

Rechaço a insinuações

de que o Rio Grande é ilhota.

O meu amor não se esgota

naquela fronteira norte.

Tenho Pátria e tenho a sorte

de um pajador patriota.

São meros trezentos anos

de formação cultural.

Meu Pago meridional

se parece aos castelhanos.

O jeito dos campechanos

quem nos olha logo nota.

Somos o início da rota

desta nação brasileira.

Temos pajada campeira

de um pajador patriota.

(Extraído do livro Pajador do Brasil- Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 03/05/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T2946383