A Mão de Deus
A mão de Deus é a Terra,
seu corpo, o universo.
Sua lei sagrada é o verso
que sabedoria encerra.
Os homens que fazem guerra
desconhecem própria dor,
quando causam dissabor,
abalando a natureza,
vão ferindo, com certeza,
fundo, a mão do criador.
E quão humilde é Deus,
pai de toda imensidão,
vir cá vestir-se de chão
pra não humilhar aos seus.
Um Deus bem antes de Zeus
com misteriosos segredos
vem substituir os medos
por coragem aos de fé
pra pôr a honra de pé
no continente dos dedos.
Até o próprio nascimento,
fruto do amor humano,
aflora o tal desengano
de ascendência ao rebento.
A vida é um sentimento
entre cristãos e ateus,
sejam filhos teus ou meus,
descendência eternecida,
saiba que o sopro da vida
desce pela mão de Deus.
Todos nascemos aos gritos,
saudando a vida aos prantos,
entre os diabos e os santos,
vivemos ambos os ritos
para morrermos solitos
Sem lermos, pra nosso tino,
escrituras do destino
que nunca podemos lê-las.
Quem escreve nas estrelas
senão a mão do Divino?
Com sua supremacia
não nos faz de marionete,
por que a vida nos compete
na guerra ou na poesia.
Sagrada democracia
intrínseca na razão,
por isso é todo perdão
pras grandes falhas que temos
e por humanos nem lemos
as linhas da sua mão.
Mirar o azul celestial,
pisando em falso no chão
é viver de intenção
numa fé irracional.
Crer no sagrado ritual
e mais que viver assim.
Contestar o não e o sim
é ter espinho e flor
ao optar pelo Senhor
para o transporte do fim.
A morte é o fim da existência
que, aos que ficam, causa choro,
mas é o mais nobre tesouro
aos de fiel consciência,
pois Ele em sua onipotência
nos derrama seu perdão
quando nos leva ao chão,
a sete palmos de corte,
por ser justo, em nossa morte,
Deus só nos troca de mão.
Os meus pequenos pecados
gula, ousadia, ganância,
mi’a terrível arrogância,
eu os julgo perdoados,
mas são martelos pesados
na mão de pobres, sem luz,
que lá, pregaram Jesus,
ante a sua gente, chorando.
Quando erro estou pregando
Deus pela mão numa cruz.