O Medo Engole a Paz
O medo crava seus dentes
na alma da insegurança
transforma uma flor em lança
põe garra em mãos inocentes.
O medo destrói viventes,
é treva que mata a luz.
Pesadelos que produz
só a coragem desfaz.
O medo engole a paz
e prega o homem na cruz.
O medo estraga prazer,
põe em seu lugar a dor,
insinua que o temor
é irmão do precaver.
Ao temeroso faz crer
que desistir lhe faz jus,
simula constante truz,
torna o poder incapaz.
O medo engole a paz
e prega o homem na cruz.
O medo em gente se oculta,
mostra a face sem mostrar
e ocupa qualquer lugar
se a coragem não se avulta.
Nem a ciência ausculta
de onde se reproduz.
Por viver na contraluz
é na mente que ele jaz.
O medo engole a paz
e prega o homem na cruz.
O medo é maula sem forma,
que na verdade inexiste,
produto da mente triste,
que por temor se conforma.
É visão que se deforma,
venda, algema, capuz...
A ele sempre me opus,
porque o seu não é voraz.
O medo engole a paz
e prega o homem na cruz.