O Medo Engole a Paz

O medo crava seus dentes

na alma da insegurança

transforma uma flor em lança

põe garra em mãos inocentes.

O medo destrói viventes,

é treva que mata a luz.

Pesadelos que produz

só a coragem desfaz.

O medo engole a paz

e prega o homem na cruz.

O medo estraga prazer,

põe em seu lugar a dor,

insinua que o temor

é irmão do precaver.

Ao temeroso faz crer

que desistir lhe faz jus,

simula constante truz,

torna o poder incapaz.

O medo engole a paz

e prega o homem na cruz.

O medo em gente se oculta,

mostra a face sem mostrar

e ocupa qualquer lugar

se a coragem não se avulta.

Nem a ciência ausculta

de onde se reproduz.

Por viver na contraluz

é na mente que ele jaz.

O medo engole a paz

e prega o homem na cruz.

O medo é maula sem forma,

que na verdade inexiste,

produto da mente triste,

que por temor se conforma.

É visão que se deforma,

venda, algema, capuz...

A ele sempre me opus,

porque o seu não é voraz.

O medo engole a paz

e prega o homem na cruz.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 18/04/2011
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