Arriera
Quem inventou a fronteira,
os governos e as nações
deconhecia as noções
da alma buena e arriera
tão parecida a llanera
que ao seu trote compassa
com peruana qorilaza,
bem pilchada e bem montada,
é poesia improvisada
qual a gaúcha e a huasa.
A cawboy que se afina
com a gaucha e com a charra
igual Violeta Parra
cantando na Argentina,
ou talvez Carlos Molina
andejando pela Europa.
É poesia que galopa
com essência de raiz
para chegar a Paris
e ensinar fazer tropa.
A mudéjar e a vaqueira
duas almas sofredoras,
porém duas cantadoras:
guitarreira e violeira.
A segunda e a primeira
sabem que água não brota
em qualquer canto da grota
e a seca segue mais viva,
mas sonham ver Patativa
improvisar com Candiota.
Ver Caetano em bueno tom,
soltando versos de luz,
com Salgado ou Santa Cruz,
com guitarra ou guitarron,
com violão ou socabon,
em melodia campeira,
é saber que a cordilheira
Machu Picchu e as missões
clareiam novas noções
a quem inventou fronteira.
(Extraído do livro Pajador do Brasil- Estudo Sobre a Poesia Oral Improvisada, de minha autoria)