Emplumadas de Poesia
Se eu fosse um tajã, voaria
pelo céu do universo,
porém as asas do verso
se emplumam de poesia.
Eu vago pela energia
que nem o tempo embuçala.
Um vulto em silêncio fala
com voz grave que ressonga
Entre acordes de milonga
É Dom Roberto Ayrala.
Neste vôo imaginário
que a mente faz pela rima
começo a ouvir lá em cima
um poema extraordinário.
O tema é de um voluntário
o qual define o estilo
me aproximo para ouvi-lo,
me fascino com seu canto.
É um arcanjo a um santo
recitando Silva Rillo.
Não há tempo nem fronteira
na eterna santa existência.
Não importa a procedência,
idioma ou cor de bandeira.
Entende-se de primeira
português e castelhano.
Eu ouço, de mano a mano,
um precioso contrapunto.
São dois mestres do assunto,
Dom Ezeiza e Dom Caetano.
Uma rajada de paz
me transporta sem ter vento
pelo espaço brancacento
onde a poesia jaz,
mas uma rima eficaz
me puxa e me fascina
qual uma luz, ilumina,
tal um imã, me atrai.
Sentado diante a Deus-Pai
canta Dom Carlos Molina.
Aqui ou lá nada muda
pro gosyto de um campechano
há poemnas de Aureliano
Varela, Ozires, Neruda
Regules e a macanuda
Décima de mil mensagens.
Nas estáticas viagens
banhadas de sol e lua
há uma pureza tão nua
Em miríades de imagens
Abro o olho e fecho o sonho
incrédulo à verdade.
É crível que a eternidade,
este céu onde me ponho,
seja horizonte risonho
da divina energia.
É onde a alma cria
fino desfecho do canto
nas asas de um verso e tanto
emplumas da poesia.
(Gravado no CD Pajadores de Três Pátrias)