A praia
Tal qual um livro aberto em brancuras, a praia copia as poesias escritas pelo crepúsculo quando caem de suas mãos em amarelecidos reflexos no mar.
Praia é moça nua deitada com os pés no oceano e com os cabelos jogados para trás em verdes coqueirais, às vezes florestas; E noutras abriga várias construções como ninhadas de pessoas em seus fios de plena natureza, então despenteada pela invasão humana.
Veleiros singram em frente ao pano de fundo, como uma abóboda que dá a impressão de estar baixando os dedos e de estar colhendo com a palma da mão azulada, todo o mar em sua extensão do outro lado, até onde os olhos avistam. Do cais parte a esperança e nas margens fica a saudade acenando.
Quando a noite cai a e praia fica deserta, se tem luar, clareia as ondas que ficam como cordas de um violão a serem dedilhadas por sublimes canções de ventos solitários.
Tudo é poema no íntimo das praias, porque o mar é gigantesco e ousado, mas tal qual taças espalhadas no globo, elas que determinam o limite das águas e asseguram o brinde do mar revolto sem que entorne pelos continentes, senão um pouquinho só de espuma em seus pés areados.