BATALHA PERDIDA

Em silêncio oculto a dor
que meu peito machuca e atravessa.
Recolho e sufoco os gemidos
comigo, sozinhos, escondidos
na longa batalha sem tréguas.

Aparentemente
me assemelho a toda gente.
Mas, solitária, a dor cresce,
se alastra, domina meu corpo:
sou um ser alquebrado, estou morto,
abatido no ardor da procela.

Onde estão os vencedores,
quem lucrou com minhas dores,
quem sufragou esta guerra?

O mistério permanece,
ninguém nada me esclarece.
Somente a miséria perdura
dominando a criatura,
escravizando a matéria.

.  .  .


 DELEY
AGORA
E eu que já fiz greve,
Coloquei piquetes,
Enfrentei porretes,
Punhos serrados no ar,
Soltei gritos,
De revolta - liberdade,
De justiça ? igualdade.
E eu que dormi nas ruas,
Enfrentei temporais,
Que pintei o rosto,
Assumi meu posto,
Suportei os ais,
Na busca dos ideais.
Agora; olhar perdido,
Desiludido,
No meu (in) finito;
Agora; assisto calado,
Cansado do que sou,
Pássaro desalado,
Sonhando que voou...