Lua-de-mel de XIXI
O jantar foi servido, sem que houvesse tempo para muita conversa.
— Os noivos estão cansado — disse alguém em tom zombeteiro.
— Cansados de quê?
— De esperar que os convivas se retirem.
Houve uma explosão de riso, seguido de pisadas de vultos que se retiravam.
Finalmente, a sós — pensaram os dois simultaneamente — O resto não conto, doutor...
A casa amanheceu uma bagunça.
— Larga essa vassoura, Morgana...Morga...Morguinha...
— Comerás o pão com o suor do teu próprio rosto.
— Posso te ajudar?
— Só temos uma vassoura. Recolha as bexigas e as garrafas. Ponha os cristais na pia...
— Deixa que eu arraste os móveis. São pesados demais.
— Lá em casa, sempre carreguei o piano.
Ele perdeu a linha de raciocínio. Lembra-se do piano de cauda da casa dos Castros. Mas com certeza, Morgana falava mesmo era do trabalho difícil, principalmente, depois da morte dos pais dela. Ou a morte acidental: o pai por assassinato; a mãe, por atropelamento.
— Não necessariamente, a batalha é física. Muitas vezes é espiritual, isoladamente ou as duas juntas.
— Vais passar a lua-de-mel filosofando?
— E tu vais passar a tua lua-de-mel com uma vassoura na mão?
Percebeu que se saíra bem, desviando o foco de morte para a vida, embora por um momento, quase pusera a perder todo o encanto daquela noite.
— Dê cá essa vassoura! Não me casei com uma bruxa.
Ela segurou o riso. Robert era humorista, desde menino.
— Posso não ter me casado com uma bruxa, mas me acho enfeitiçado...
Se tinha ele a intenção de dizer mais alguma coisa, não conseguiu. E Morgana tremeu palpitante como Iracema nos braços de Martim.
— Ouço o bramido das ondas.
— É meu coração acelerando o tempo, para que chegue logo a hora de abraçar o teu.
— Acaso coração tem braço?
— Se tem braços, não sei. Mas pernas tem.
— Para Bob! Não faça rir, desconcrtroladamente, senão, acabo fazendo xixi nos lenções.
Robert riu contagiando a companheira, ela tanto riu, quanto chorou. E o riso trouxe uma fonte de água salgada a escorrer no rosto... (e nas pernas).
— Eu avisei. Agora, com licença. Preciso trocar os lenções de cama.
Morgana assumiu um semblante sério.
— Prometeste não narrar no livro nossa lua-de-mel. Vai manter a palavra, não vai?
— Claro. Vou falar só da lua de xixi.
O quarto explodiu em gargalhada e os lenções tiveram, novamente, que serem trocados novamente.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrela que o vento soprou.
***
Alguns comentários recebidos:
•Ri. Chorei. E chorei de rir ao ler boa parte de “Estrela que o vento soprou.” Recando de Letras, comentário não autenticado. Rio de Janeiro 16.03.2018
O jantar foi servido, sem que houvesse tempo para muita conversa.
— Os noivos estão cansado — disse alguém em tom zombeteiro.
— Cansados de quê?
— De esperar que os convivas se retirem.
Houve uma explosão de riso, seguido de pisadas de vultos que se retiravam.
Finalmente, a sós — pensaram os dois simultaneamente — O resto não conto, doutor...
A casa amanheceu uma bagunça.
— Larga essa vassoura, Morgana...Morga...Morguinha...
— Comerás o pão com o suor do teu próprio rosto.
— Posso te ajudar?
— Só temos uma vassoura. Recolha as bexigas e as garrafas. Ponha os cristais na pia...
— Deixa que eu arraste os móveis. São pesados demais.
— Lá em casa, sempre carreguei o piano.
Ele perdeu a linha de raciocínio. Lembra-se do piano de cauda da casa dos Castros. Mas com certeza, Morgana falava mesmo era do trabalho difícil, principalmente, depois da morte dos pais dela. Ou a morte acidental: o pai por assassinato; a mãe, por atropelamento.
— Não necessariamente, a batalha é física. Muitas vezes é espiritual, isoladamente ou as duas juntas.
— Vais passar a lua-de-mel filosofando?
— E tu vais passar a tua lua-de-mel com uma vassoura na mão?
Percebeu que se saíra bem, desviando o foco de morte para a vida, embora por um momento, quase pusera a perder todo o encanto daquela noite.
— Dê cá essa vassoura! Não me casei com uma bruxa.
Ela segurou o riso. Robert era humorista, desde menino.
— Posso não ter me casado com uma bruxa, mas me acho enfeitiçado...
Se tinha ele a intenção de dizer mais alguma coisa, não conseguiu. E Morgana tremeu palpitante como Iracema nos braços de Martim.
— Ouço o bramido das ondas.
— É meu coração acelerando o tempo, para que chegue logo a hora de abraçar o teu.
— Acaso coração tem braço?
— Se tem braços, não sei. Mas pernas tem.
— Para Bob! Não faça rir, desconcrtroladamente, senão, acabo fazendo xixi nos lenções.
Robert riu contagiando a companheira, ela tanto riu, quanto chorou. E o riso trouxe uma fonte de água salgada a escorrer no rosto... (e nas pernas).
— Eu avisei. Agora, com licença. Preciso trocar os lenções de cama.
Morgana assumiu um semblante sério.
— Prometeste não narrar no livro nossa lua-de-mel. Vai manter a palavra, não vai?
— Claro. Vou falar só da lua de xixi.
O quarto explodiu em gargalhada e os lenções tiveram, novamente, que serem trocados novamente.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrela que o vento soprou.
***
Alguns comentários recebidos:
•16/03/2018 14:03 - Cecilia Davila
Kkkkkkk. Situação no mínimo estranha
Para o texto: A noite do xixi (T6280277)
•Ri. Chorei. E chorei de rir ao ler boa parte de “Estrela que o vento soprou.” Recando de Letras, comentário não autenticado. Rio de Janeiro 16.03.2018