IMAGEM GOOGL



##########



“CORDEL DO AVISO”


Eu todo dia sapeco com fé
Pois sapecar é minha sina
De manhã sapeco um café,
E meu pão com margarina.
Sapeco o mingau no Coité
Vou a rua no bar do seu Zé
E eu sapeco uma cagibrina.

Sapecar é igual a “eu faço”,
É jeito de um caipira moço.
De onze e meia não passo
Pra comer não tem esforço
Só que antes eu vou e traço
De pinga mais um copaço
Depois eu sapeco o almoço.

Três horas é café de novo
Com batata doce e assada,
Mais o queijo mexido e ovo
Na frigideira engordurada,
Única coisa que dá estorvo
É transitar no meio do povo
Uma vontade peidar danada,

O pior é que se eu peidar
Vou é escutar xingamento,
A moçada diz vai se cagar
Digo, não é hora xexelento.
Ele responde vá se danar
Vá sapecaR em outro lugar
Este seu peido catinguento.

Vou para casa aborrecido
De tanto eu escutar sarro,
Me chega a doer o ouvido
Numa ajuda eu me agarro.
E pode até não ter sentido
Mas pra acabar o zumbido
Fumo um maços de cigarro.

Eu tomo banho e me ajeito
Só depois é que vou jantar,
Os torresmos eu levo a eito
E eu nunca deixo me faltar.
Eu assim tô bem satisfeito
Carne como maçã de peito
Com cachaça pra engordar.

Depois já bem de noitinha
Fico num quer e não quer,
E às vezes até na cozinha
Eu sapeco a minha mulher.
Já na rua solto fumacinha,
Se der eu sapeco a vizinha
Pode achar ruim se quiser.

Agora completo cinquenta
Esta idade começou pesar,
O doutor disse se aguenta
Quem mandou você fumar?
Para andar me atormenta
Dor que ninguém aguenta
A perna começou a inchar.

Aí eu repenso minha vida
E vejo que a coisa tá feia,
Saúde nas farras perdida
E olhe não peguei cadeia.
Mas toda gordura ingerida
Toda a fumaça consumida
Entupiram cada uma veia.

Vizinha olha e faz muxoxo
Quando eu quero sapecar,
Diz que estou ficando roxo
Que eu não aguento trepar.
Sapeco a fera no encocho
Me chama de cabra frouxo
E fala que eu só sei peidar.

Até que não é tanto assim
Acho até que é sorte minha,
Vou comendo o amendoim
E não escuto esta ladainha.
Se pensa é que estou ruim
Esconda a mulher de mim
Ou eu ainda tiro casquinha.

Eu errei em não me cuidar
Mas inda estou bem na fita,
E escrevi só para assustar
Juventude que não acredita.
E passei minha vida a pitar
Bebia e comia até me fartar
E nunca pensei em desdita.

Eu pensava em morrer cedo
Quis aproveitar minha sorte,
Caboclo bonito e sem medo
Pensava morro logo e forte.
Só que todo meu arremedo,
Me parece até um brinquedo
Não encontrei a dona morte.

Eu andei pelo mundo afora
Na aventura bem perigosa,
Mas meu tempo foi embora
Me levou o mar cor de rosa
A minha velhice veio agora.
E sem corrigir erros outrora
Hoje ela está bem dolorosa.

E agora além da cagibrina
Tem as droga em destaque,
Gente vê em cada esquina
Pobres e quem usa fraque.
O rapaz rico com a menina
Vão cheirando uma cocaína
O pobre fumando o craque.

Pense bem antes de provar
Droga que alguém lhe deu,
Pois é caro e tem de pagar
A fava que o cabrito comeu.
Pois depois que você viciar
E a morte não vir lhe buscar
Vai ficar assim que nem eu.

Não adianta se arrepender
Porque nunca tem salvação,
Tempo vai sem a gente ver
A vida é de ínfima duração.
E bem antes de se perceber
A velhice vai lhe acontecer
Juventude… Volta mais não.


Mestre Armengador de versos veio e deu um racado, obrigado poeta.



108908-mini.jpg

09/02/2018 21:51 - 


Um Piauiense Armengador de Versos

O recado foi bem dado
 pena que de nada valha
 quem anda em fio de navalha
se faz carne de mercado.

Para o texto: 
“CORDEL DO AVISO” (T5354757)
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 21/08/2015
Reeditado em 10/02/2018
Código do texto: T5354757
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.