SOMBRAS

É noturna, turva, a fala,
Com seu peso de mortalha,
E mesmo falha,
Abre a realidadade,
É noturna a saudade,
Adere, fere, penetra,
Com mais intensidade,
É noturna a poesia,
A busca pela anistia,
 A angústia de poeta,
A insolúvel variante,
É noturna a alma que volteia,
No mesmo lugar,
Como uma sereia,
Esperando o pescador,
É noturno, o canto,
O, entretanto, o pranto,
O tanto amor,
Para compartilhar,
É noturno o meu olhar,
Que cisma, tomba,
Por entre as sombras,
Que perde o fio da meada,
É noturno o desvario,
O vertiginoso vazio,
O tom que desgasta,
O meu semblante,
É noturno o eu que se arrasta,
Pela madrugada,
Introspectivo - errante.


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Solidão profunda
Tristeza na alma
Deixa a vida soturna

REGINA PESSOA

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SOLIDÃO

 A fala se cala
a alma vagueia
noturna saudade
que fere que arde
noite de lua cheia.
De encanto
de pranto
cantos de sereia
em busca do tema
se faz o poema
profundo sem fundo
de fio a pavio
luar e areia.
Sombra escura
que tortura
desgasta me segue
sem dó me persegue
soturna sem voz.
Imenso o vazio
que a mim apavora
me invade devora...
me deixa a sós.

(HLuna)