Orkut.com.ladoruim

O site de relacionamento orkut é a nova arma da internet para dominar o homem. Como uma “droga”, ele penetra no sistema nervoso das pessoas e comanda as ações das mesmas. Os usuários têm sua natureza humana reduzida a ciborgues virtuais. A essência fora substituída pela alegoria do ser.

O relacionamento natural, do qual necessitamos para nos socializar, deu vez ao envolvimento virtual. A dissimulação inerente do ser humano ganhou um aliado de peso. Desvendá-la no cara a cara já era tarefa árdua, no virtual, tornou-se impossível. Talvez, por isso, as pessoas preferem se comunicar por intermédio do orkut. Nele, um psicopata pode se transformar num “santo”, basta redigir palavras pungentes e ilustrar-se com fotos esteticamente padronizadas pela sociedade. E, acreditam, não faltarão devotos.

As manifestações de carinho, corpo a corpo, olho a olho, tornaram-se inúteis, enfadonhas, vergonhosas e desnecessárias. Hoje, preocupam-se em deixar um “recadinho”, felicitando-nos pelo nosso aniversario ou por alguma ação que os convém. Isso, se o nosso aniversário for lembrado na página inicial dos nossos amigos comuns. Já as manifestações de ódio, de aversão, infelizmente, não ficaram só no virtual e partiram para o real. Logo, percebemos que as armas de dominação obstruem a racionalidade do homem e liberam, a animal.

A sociedade está fragmentada dentro de um contexto de incertezas, visto que o site possui informações apócrifas, porém, tais informações possuem poder persuasivo que levam os adeptos a construírem verdades e ideologias imutáveis. Ou seja, a personalidade do usuário está sendo formada ou alterada por simulações. A alteração é comprovada pelos indivíduos que negam expor a verdadeira personalidade no campo destinado ao perfil do usuário. Muitos criaram uma nova pessoa que só existe nos anseios individuais. A ruptura da própria personalidade se torna tão vigente que o “orkuteiro” começa a viver de acordo com sua personagem virtual. A qual possui características do ser-padrão que a sociedade prega: bonito, inteligente, branco, estrangeiro, independente, versátil. A ocultação da foto é a manifestação rudimentar da negação do próprio “eu”.

O isolamento do convívio com os outros e a aquisição de idiossincrasia alheia são presságios de uma guerra interna, a qual levará o individuo ao daltonismo do “eu”. Esse conflito remeterá a pessoa à caverna, donde ele tentará sair em busca da verdade, porém, ao voltar-se será aniquilado por aqueles que acreditam que não há verdade além do orkut.