TRILHA SONORA

O gosto por música é indiscutível, porque cada um tem suas justificativas para gostar de um determinado cantor, música ou estilo. Assim como o outro tem seus ataques para acusar a “música ruim” do próximo. Se vive de música, se morre pela música, se cria música, se faz música, ou simplesmente se gosta de música, e também se ama a música. Muitos só conseguem fazer algo com música, muitos só lembram de algo pela música... Porque a música emociona, deixa triste, traz euforia, e nos deixa imensamente feliz! A música transforma completamente a vida das pessoas, imaginem o mundo sem música? E é tanto gosto, tanto artista, tanto estilo... Que até confunde. Mas o que quero aqui é contar minha trajetória musical... (risos). Não, não toco nada, nem canto (se bem que gostaria), mas do meu gosto por música.

A primeira música que lembro de ouvir, eu tinha uns dois anos, por aí, e era “A Casa”... Aquela: “Era uma casa, muito engraçada”. Até adoro esta música, e lembro que meu tio, o tio Ney Tedesco, quem sempre cantava para mim, a cena mais nítida dele cantando esta música a mim, e nós dois no sofá da sala de estar da casa do Sr. Tedesco, do meu avô, o nono (avô) Luiz Tedesco, num dia forte de sol, no inverno, eu de meias azuis e pijama de veludo, deitado no colo dele, apenas sentindo o sol e ouvindo a música, como se de nada mais na vida necessitasse.

Depois, com uns quatro anos, eu era viciado na XUXA, nossa!!! Até hoje adoro as músicas antigas dela, e a pessoa dela em si, é realmente uma rainha!

Lembro então que assim que entrei na catequese, pensava que era anormal, pois não gostava de nenhuma música, nenhum estilo, nenhum cantor em especial, era um retardado tratando-se do assunto.

Foi que aos treze anos, comecei a ouvir a Jovem Pan, e me apeguei pelo estilo Dance que promoviam.

Foi por este meio que conheci Lasgo, uma banda de música dance, da vertente “poperô”, da Bélgica.

Todo CD que eu via, contendo uma música deles, comprava. Até que encomendei da internet um CD original, deles mesmo, todas as músicas e encartes. E pesquisei sobre toda a vida deles na internet. A vocalista Evi Goffin, é linda, e louca, e eu adoro pessoas loucas, ainda mais se sabem cantar bem. Através dela, conheci outros artistas do ramo que gostei, e me enchi de CD’s, hoje em dia, muitos destes cd’s já não existem mais. E descobri também que adoro música clássica, apenas um bom concerto de vários instrumentos, pra relaxar e ouvir. Então descobri que sou muito eclético, gosto de tudo um pouco, porque não gosto do estilo, mas da música. meu irmão, desde que era pequeno, ouvia junto comigo, MPB: Elis Regina, Tom, Chico Buarque, Oswaldo Montenegro, bandas de rock nacional como Kid Abelha, RPM, Capital Nacional, e descobri que também adoro todos eles. Foi então que descobri as músicas que não eram da minha época, de coisas que não vivi, como os anos 80, e 70, e por aí afora. Era um outro mundo, outro universo quando pensei que o meu já estava esgotado.

Descobri então Cyndi Lauper, ABBA, Roxette, Bonnie Tyller, Madonna, entre outros. As músicas são muito boas, queria ter vivido naquela época. Divido a paixão de Roxette com minha cunhada, ela adora também, e cantamos e dançamos juntos. Porém há outra paixão que supera tudo (menos Lasgo), é Cyndi Lauper. Descobri que várias músicas que já escutara e me gamara, eram dela. Ela canta muito, de um jeito único, e é muito louca, e adoro pessoas loucas (no bom sentido) e ainda mais se cantam bem. Eu sou louco por ela.

Tratando-se de shows, em 2006, vi um do Lasgo, em Balneário Camboriú. Gente, pensei que iria morrer, uma semana antes já não pensava em outra coisa, finalmente iria realizar um sonho, e a ansiedade me corroia, sinceramente, pensei que ia morrer. E quando cheguei lá e comecei a vi entrando, eu me transformei... Tudo o que eu tinha visto em fotos e em vídeos estava ali se realizando... Todas as músicas... Durante toda a noite eu não vi mais nada, a não ser ela no palco cantando, e não ouvi mais nada, a não ser a batida contagiante e sua voz maravilhosa e inigualável. O coração não parava e dançava freneticamente, todos os passo, coreografias e trejeitos daquele ser divino. Até que chegou ao fim, mas a alegria e energia que aquilo proporcionou durou semanas. E até hoje, quando vou á Balneário, esta é uma lembrança marcante, que me faz amar aquela cidade.

Iniciou-se então a forte venda de DVD’s piratas, em todos os lugares. Então achei um de Lasgo, e outro de Cyndi Lauper, e de Roxette, e do Abba, e flashback dos anos 80... Nossa, que coleção maravilhosa... Como R$ 10,00 me deixava feliz! É ilegal sim, mas ilegal é deixar minha felicidade pela justiça que não está nem aí pelo meu bem estar.

Sou muito eclético desde então, se colocar uma música clássica, escuto e aprecio sem problemas, um ‘psy’, idem, MPB, também... Pessoa de todos os gostos, que conhece um pouquinho de cada acorde, e vibra com seus favoritos. Posso dizer que meu gosto é um tanto anormal para minha idade, mas não estou nem aí, assumo e pronto! Já algo que não suporto durante muito tempo é reggae e samba e pagode. Gosto, mas de forma bem minuciosa. E todo dia rola um DVD de alguém, e quando é o de Cyndi Lauper, eu piro, entro em transe, então imagino que nem seria bom vê-la ao vivo, porque morreria ou mataria muita gente certamente. A vendo, eu canto junto, choro, me emociono muito e sei de todos seus trejeitos e tons de vozes... Aquela incrível voz, daquela mulher muito maquiada, de fôlego eterno, ela não cansa e interpreta as canções com o coração e o corpo todo... Vi estes dias num outro DVD um show dela de 2002, em que está mais velha, e bem diferente do que em seu show que tenho, de 1989. neste de 2002, nada de maquiagem, roupas extravagantes. Um conjunto preto, e o básico apenas... Mas a mesma voz, as mesmas expressões, inclusive as do tempo. Os trejeitos são os mesmos, porém já não dança mais tão loucamente, nem é mais a mesma banda, no entanto na música, True Collors (cores verdadeiras), grande sucesso, na hora do refrão, ela faz os mesmos gestos que fez no show de 1989... É muito emocionante. E o que mais me dói, é saber que provavelmente nunca vou assistir um show dela, e que vou ficar sabendo de sua morte pelos noticiários daqui há anos... E vai me doer muito. Até estou escrevendo uma peça de teatro cujo a colocarei no texto, e que fala de toda esta década de oitenta na questão da arte. Mas é isso, um pouquinho de minha biografia, de minha trilha sonora... Porque interpreto músicas em frente ao espelho, e as canto em qualquer hora e lugar. E imagino cenas diversas com as mesmas. Estou aberto a novas canções, amando as que já tenho no coração e na cabeça, e respeitando todos os gostos e todas a melodia do mundo que ainda virá... Porque ninguém sabe o que ainda virá!

Douglas Tedesco – 07.05.2008

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 07/05/2008
Código do texto: T978906