Rabino Issocher Frand
Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou
para fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das ruas
Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria,
Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se
realmente desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de
tanto tempo.
Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por
perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do
céu. Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense
perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do
que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em
direção à sua próxima reunião.
Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz
que vinha pelo mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que
acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma
bomba na pizzaria Sbarro`s...Moshê ficou branco. Por apenas dois
minutos ele escapara do atentado. Imediatamente lembrou do
homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila.
Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar
morto.Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se
aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação
caótica no local.
A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de
pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de
vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo
seis crianças. Cerca de outras noventa pessoas ficaram feridas,
algumas em condições críticas.
As cadeiras do restaurante estavam espalhadas
pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico,
outras tentando ajudar de alguma forma.
Entre feridos e mortos estendidos pelo
chão, vítimas ensangüentadas eram socorridas por policiais e
voluntários. Uma mulher com um bebê coberto de sangue implorava por
ajuda. Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército.
Moshê procurou seu 'salvador' entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo.
Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a
vida. Moshê estava vivo por causa dele. Precisava saber o que acontecera, se ele
precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua
vida. O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o
aguardava. Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham sido levados os
feridos no atentado.
Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos
hospitais. Ele estava ferido, mas não corria risco de vida.
Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu pai, e contou
tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse preciso por
ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua
vida. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou
seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo
de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicá-lo.
Quase um mês depois, Moshê recebeu um
telefonema em seu escritório em Nova Iorque daquele rapaz, contando
que seu pai precisava de uma operação de emergência. Segundo
especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia
fica em Boston, Massachussets. Moshê
não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro
de poucos dias.Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e
acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova
Iorque.
Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão.
Outra pessoa poderia ter dito 'Afinal, ele não teve intenção
de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila '
Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o atentado. E ele sabia
como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo -
e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove
horas da manhã, naquele dia onze de setembro de 2001. Moshê não
estava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center Twin
Towers.
(Relatado em palestra
do Rabino Issocher Frand)
'Entrai
pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor;
louvai-o, e bendizei o seu
nome.' Salmos 100:4
Lê baixinho:
'Jesus eu te adoro e preciso de ti, vem pra dentro do meu coração
agora'.