SER ou TER (uma reflexão sobre a amizade e os tempos atuais)

O tempo passou e nos distanciamos das pessoas. Sim é isto o que elas se tornaram pessoas na multidão, vizinhos anônimos que muitas vezes moram em nosso prédio há anos, outras vezes, encontramos em festas e não sabíamos que morávamos no mesmo lugar...

E assim fomos perdendo a identidade como pessoas e sendo mais um na multidão. Você descobre de repente que se passaram 50 anos da sua vida, mas você não conhece mais as pessoas do seu bairro.

Daí todos se perguntam onde foi parar os encontros aos domingos na casa da vovó, na casa dos pais, e perdem-se num afã louco de cidade grande, sem identidade. Você acaba se tornando o vizinho do 501, o rapaz do carro vermelho, a moça de cabelos curtos, e não tem mais com quem conversar. Então se tranca dentro de um quarto pega o computador e fica na internet por horas. Aí descobre o vizinho do lado, a vizinha da sua rua e ganha muitos amigos virtuais que você vê numa pequenina foto de um site de relacionamentos...

Então eu pergunto onde foram parar as tardes de bate papo, a carne assada de panela de domingo, onde os amigos se reunião e se confraternizavam? Onde foram parar seu José, D. Maria, D. Fátima, o Pedro Paulo, o Valdir? Agora é tudo &jd@alguma.coisa.com!

Tem gente até fazendo campanha para salvar o seu nome. É isto mesmo. Tenho um amigo com nome de Valdir que dá um berço para quem colocar o seu nome em um bebê. Campanha contra a extinção de Valdir.

Nesta horas eu vejo a solidão das cidades. A solidão das pessoas, no meio de um monte de gente. Será que é o medo de assalto que assola o país? Será que as pessoas ficaram tão frias que hoje são capazes de matar seus filhos, feito animais, ou até mesmo os seus vizinhos por causa de R$ 1,00?

Eu não sei. Mas continuo com aquele coração que pede abraços, pede olho no olho, pede beijos (estou sempre de braços estendidos). Onde foi parar o amor fraterno, daquela gente das pequenas cidades? Nesta época eu não me sentia matuto, me sentia gente. Agora sou gente, e me sinto um matuto nas cidades, até mesmo na minha cidade que cresceu...

Será que eu não cresci? Que valores são estes que o mundo hoje atualizou? Meus valores são o tempo, a natureza, o amor, as pessoas, os bichos, as flores, o ar limpo, o mar... Será que tudo isto foi trocado por dinheiro e significa só uma coisa: TER... Acho isto tão frio. E aqueles que concordam comigo reflitam como eu fiz e faço e não deixem suas naturezas se perderem no medo de viver e de SER...

Um dia iremos embora deste planeta (pois ninguém é eterno) e daqui só levaremos o que somos, tudo o que temos fica para os "outros" brigarem para ter...

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 11/04/2008
Código do texto: T941330
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