Meu filho
Hoje acordei de madrugada com o pensamento em ti. Não conseguia mais dormir. Fui a seu quarto. A cama estava vazia. Ainda assim, sentei sobre ela e fiz uma oração para você como se ali estivesse. Queria saber os sonhos que estava sonhando. A vida te deu asas, voou para longe de mim. Deixou o ninho. Deixou lágrimas de saudade. Eu sei que tem agora que alcançar as alturas mas como mãe ainda tenho a vontade de tê-lo nos braços e te proteger. Agora quem te protege é o mundo. Ele é seu. Não sei se terei coragem de expor estas linhas, de mostrar minha fragilidade de mãe. As belezas que irá encontrar estão em outros caminhos que só você pode trilhar, só você pode escolher. Mas lembre-se sempre filho que eu estou no começo de sua estrada sempre a te olhar e torcendo que as suas decisões sejam aquelas que te levem a felicidade. Não posso e nem devo mais querer que vida te deixe ao meu lado mas saiba que sempre estarei do seu lado. Não achava que diria o mesmo que um dia ouvia de meus pais: "Só quando tiveres um filho que saberás o que verdadeiramente sinto". Achava a frase banal e sem sentido. Mas agora repito com convicção: "Só quando tiver os seus entenderá as preocupações e alegrias que os pais sentem quando a vida lhe dá estes entes queridos para cuidar e encaminhar". Desde o primeiro banho: "Será que não vou deixá-lo escorregar na banheira? Será que consegue dar os primerios passinhos sem se machucar? E esta bala? será que não engasga? Será que posso deixá-lo andar sozinho de bicicleta? A primeria balada, sem um adulto 'responsável' por perto? Meu coração aguenta?" Mas é preciso viver e deixar viver.
Voe e depois, se quiser, venha me encantar com as paisagens que avistar ou pedir colo quando a dor vier. E eu sorrirei com a sua alegria de crescimento e te apoiarei nos seus desencantos.