APRENDER A APRENDER

Hoje questiona-se muito a importância de estudar. Por quê? Dentre muitos fatores destacam-se as constantes indagações feitas por professores e alunos a respeito da relevância da trajetória do individuo. Acompanhando este caminhar ate o vestibular podemos constatar na maioria das vezes o empobrecer e o esvaziar da educação. Este empobrecimento citado entende-se como fator já confirmado pela sociedade desde o coração da escola, a sala de aula, ate a educação superior no país. O conhecimento não é de troca entre alunos e professores, é meramente informativo, muita das vezes sem sentido. Sem esse entendimento de que conhecimento é troca de experiências verifica-se que não há alegria em sala de aula, o que notamos é o oposto: frustração, medo e angústia, pois as aulas são mecânicas, instrumentalizadas para o vestibular. Desta forma o aluno não consegue aprender, tendo o trabalho de somente memorizar a matéria dada para prova. Corroborando o já citado empobrecer da educação.

Em 1930, alguns educadores como Teixeira, Freire e Lourenço propuseram uma nova abordagem pedagógica, que foi acompanhada por vários autores como C. Vasconcelos, Lukesi, R. Alves, Libaneo e Saviani. Porem algumas escolas não acompanharam esse processo de mudança permanecendo na antiga abordagem pedagógica que evidentemente já não satisfazia a comunidade ávida por conhecimento. Em alguns casos a escola passa a ser uma Comunidade Escolar que tem como base a troca de experiências para a aquisição do saber.

Na década de 50 explorava-se muito a exposição oral como forma de dar aula, eram aulas meramente teóricas onde o aluno não praticava e nem trazia para sua realidade o assunto proposto. O comportamento dos alunos era de mero expectador, onde somente o professor detinha o conhecimento e participava como orador em sala.

Nas décadas seguintes com as discussões educacionais, os educadores começam a valorizar as competências e habilidades tendo em vista não somente o tão valorizado Q.I., percebendo a importância da Inteligência Emocional para o desenvolvimento do aluno em sala de aula.

Nos anos 70, o filosofo da educação Anísio Teixeira compreendendo criticamente o contexto econômico, social e cultural de seu tempo e acreditando na ciência, com o método científico e com suas aplicações técnicas foi conduzido a um otimismo, também, em relação a uma nova escola. Era preciso que a escola preparasse o novo homem, o homem moderno, para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática. Houve uma discussão onde se concluiu que a Escola Tradicional já não atendia as perspectivas desse novo homem, necessitando de uma ampla reformulação educacional, surge à nova concepção de escola proposta por Anísio, com base no escolanovismo surgido no final do século XIX na Europa e nos Estados Unidos.

Nas décadas de 80 e 90 as concepções pedagógicas não provocaram a revolução educacional esperada. As escolas competentes aderiram à nova metodologia de ensino e incorpora o marketing como arma na aquisição de novos alunos. Essa estratégia de fazer propaganda das mudanças educacionais é valida, mas tornou-se uma faca de dois gumes à medida que as instituições passaram a dar importância exarcebada ao lucro, desvinculados da qualidade de ensino que deveria ter maior importância para educadores e pais de alunos, que acabam por acreditar que escola boa é escola cara.

O que nós professores e pedagogos queremos é a aplicação e construção da Nova Escola, onde haja a democracia, o respeito à unicidade dentro do grupo, a valorização do professor, onde possamos construir os novos atores sociais, pessoas que saibam exercer de forma coerente o seu papel dentro da sociedade e onde se entenda que é necessário educar para a complexidade do mundo moderno, pois quem aprende detém o conhecimento.