Ética na Ciência
CLONAGEM: EVOLUÇÃO ou CONTROLE?
A Engenharia Genética vem evoluindo constantemente. Um de seus recentes avanços consiste na clonagem - processo de cópia de um ser vivo, feita de maneira artificial e assexuada -, que tem gerado polêmica em todo o mundo.
Os processos de manipulação genética trazem diversos benefícios econômicos e sociais para a humanidade, tais como o aprimoramento de espécies animais e vegetais, as quais se tornam mais resistentes às pragas e doenças e mais rentáveis para os produtores rurais. Além disso, o desenvolvimento da Engenharia Genética possibilita a descoberta de vacinas e a cura de doenças epidêmicas, crônicas e fatais, combatendo, assim, diversos problemas de ordem social.
Por outro lado, existe o perigo de haver erros e descontrole em tais processos, o que pode trazer conseqüências desastrosas para toda a sociedade humana, tais como a criação de um superexército de clones a serviço de governos antidemocráticos. Além disso, pode vir a ser gerada uma sub-raça de escravos - seres com anomalias genéticas e perturbações psicológicas que não podem ser previstas.
Por tudo isso, conclui-se que o avanço da Engenharia Genética traz muitos benefícios para a humanidade, embora exista o perigo da falta de controle e de noção de limite por parte dos humanos. Dessa forma, faz-se necessária uma legislação que estabeleça normas convenientes para regulamentar tal avanço e para que, dessa maneira, a sociedade humana possa conciliar a ética ao desenvolvimento científico e a sua própria evolução natural.
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EUTANÁSIA: MORTE ou VIDA?
A eutanásia é um tema que provoca polêmica, atualmente, em todo o mundo. Um motivo para isso é o fato de que, embora permita acabar com o sofrimento do paciente, continua sendo crime.
Por um lado, a eutanásia é uma prática válida, pois, mesmo um paciente em estado terminal, quando ainda lúcido, deve ter liberdade para decidir aquilo que mais lhe convém. Além disso, muitas famílias não têm condições de manter o alto custo de um tratamento, e é mais importante para as pessoas a qualidade de vida do que o tempo que se vive.
Por outro lado, em nossa cultura, a vida deve ser preservada, e não cabe ao homem decidir quando interrompê-lo. Afinal de contas, o ser humano não é o senhor da vida e, além do mais, não é possível prever quanto tempo uma pessoa irá durar, mesmo que esteja em fase terminal.
Por tudo isso, a eutanásia, atualmente, gera polêmica em todo o mundo. Sua discussão é válida para que se encontrem formas de amenizar, senão eliminar, tanto o sofrimento dos pacientes quanto a crise dos sistemas de saúde, ou seja, é necessária para que se possa melhorar a qualidade de vida das pessoas.
29.04.1997
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AIDS: PRECONCEITO ou SOBREVIVÊNCIA?
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Hoje em dia, em todo o mundo, o problema da AIDS tem se tornado cada vez mais preocupante, principalmente para a população dos países subdesenvolvidos como o Brasil. O comportamento das pessoas, muitas vezes, torna-se um agravante do lastimável quadro, pois sustenta um forte preconceito em relação à doença, dificulta o fluxo de informações e, além disso, mantém a idéia comodista de que "não vai acontecer comigo, portanto não preciso me preocupar".
É do conhecimento de toda a sociedade que um dos maiores problemas vividos pelos portadores do vírus é o preconceito que, além de não lhes dar o direito de viverem, ainda lhes traz situações contrangedoras, como recusa ao atendimento por profissionais adequados como médicos e advogados. Os doentes (prostitutas, homossexuais, hemofílicos, ...) são geralmente marginalizados pela sociedade, não tendo oportunidade de emprego e, conseqüentemente, nao possuindo recursos para os tratamentos necessários.
Além disso, ainda há pessoas, principalmente jovens de classes mais humildes que, por ignorarem o que seja a doença, seus sintomas, tratamentos e formas de contágio, e/ou por viverem em uma sociedade que rotula tudo o que está ligado a sexo como "coisa feia", acabam ficando sem informação e tornam-se, assim, vítimas fáceis do vírus. Essa dificuldade também se deve ao preconceito presente no comportamento das pessoas.
Embora haja divulgação de informações sobre o risco da doença, muitas pessoas preferem alienar-se, achando que nada acontecerá com elas. Esse pensamento comodista contribui para que, hoje, milhões de brasileiros vivam um drama que dá a impressão de não terminar.
Por tudo isso, concluímos que é o próprio comportamento das pessoas um agravante do quadro lastimável da AIDS. Espera-se que esse posicionamento mude, pois somente assim a prevenção, a cura da doença e o tratamento aos doentes poderão existir de forma a valorizar mais a vida.
Aline Vieira Malanovicz e Ana Karin da Silva, 1996