Solidão de fim de tarde

As núvens se encontram com o mar ao longe, bem lá no infinito. Formam desenhos nos céus o encontro das fumaças que sobem dos cargueiros com a neblina que desce sobre o morro, começando a cobri-lo de branco.Um bando passa em revoada, um barquinho solitário está parado ao longe, nem dá pra ver o pescador dentro dele.

Surfistas brincam nas ondas, crianças no parquinho, fazem castelos, soltam pipas, andam de bicicletas, de patins, carrinhos de bebes desfilam a frente de pais que conversam e curtem os filhos, ciclistas se exercitam. Campos imaginários são marcados com riscos na areia, jogadores colocam redes e brincam de futebol, de volei, de queimadas, ping-pong de areia, squash... todos os tipos de jogos eles adaptam.

Cadeiras colocadas na beira da água, outras espalhadas pela areia, pessoas sentadas em toda parte, nas calçadas, nos bancos espalhados ao longo dos jardins ou nos quiosques.

Pessoas caminham, correm, se exercitam ou simplesmente ficam sentadas vendo o fim do dia.

Músicas sendo tocadas, em cada local um som diferente, enquanto a tarde muda, aos poucos,a sua claridade. Perde o seu brilho natural para dar lugar as luzes dos holofotes nos poste que são colocados para dar continuidade as pessoas de permanecerem em seu lazer.

Minha mente vagueia...recordo um tempo em que eu não tinha isso para apreciar e ficava deitada em meu quarto, sonhando exatamente com o que vivo: sonhava em conhecer o mar, em ver como é o cheiro da maresia, em sentir a brisa no meu rosto e em ver o por do sol.Me via com alguém do meu lado, partilhando esse momento. Naquela época eu não sabia o que era andar sozinha e, mesmo quando só eu tinha muito amor, me sentia amada.

Sentada em um dos bancos, como muitas outras pessoas estão, escrevo o que vejo, penso nas pessoas que amo, nos conhecidos, nos amigos, na família e sinto o que é a solidão de estar só mesmo em meio a multidão.

Em meio às pessoas que circulam, aos foliões que passam voltando das matinês, das pessoas que se divertem, eu me sinto mais só que o tempo em que me trancava no quarto para sonhar e percebo que sinto falta de companhia para dividir meus momentos a sós e para apreciar o ocaso, mesmo num dia nublado e chuvoso.