Véu de Maya à vista do Atalaia

Vivemos uma "realidade " projetada pelo véu de maya, segundo Schopenhauer; mas então, qual seria a verdadeira realidade, senão um abismo que se evita confrontar?...

Fato é que a sociedade dita que só seremos "felizes " ao atingir o "topo"; no entanto, este último só é real enquanto meta a ser alcançada, que ao atingir tal feito logo se liquefaz, sendo rapidamente substituída por outra, depois mais outra... consecutivamente, infinitamente... conforme a vontade inata do indivíduo que não percebe ser atraído pelo impulso de um abismo insaciável dentro de si. Em contrapartida, os que rasgam esse véu e seguem por via própria, não são poupados de um tormento frequente causado pela apatia inerente que envolve caminhar à parte; inevitavelmente são tragados pela falta de sentido e significado, chegando por vezes a concluir que cortar esse fio invisível que os fazem marionetes como os demais, talvez não seja a via de "salvação ", uma vez que constatam que esse fio é a ilusão "redentora " que acaba por salvar cada um de si mesmo, do vazio interior que os coabita, cuja função é refletir o que se é, para só então saber como se preencher, como se saciar sem ser acometido pela "gula" dos seus instintos e impulsividades, como ser de verdade e reconhecer a "real realidade ", desvelada por aqueles que não só não aderem mais ao véu , como também se deixam envolver pelas suas subjetividades (e porque não dizer fiel realidade), pelo mundo interior com sua voz silente e solícita, querendo conduzir por caminhos sem estrada, sem chão, sem materialidade... embutidos à identidade de cada um, lugar oculto do lado de dentro... longe das aparências, fidedigno à essência. Se existe um conforto entre um caminho e outro, quiçá uma rota alternativa como bem apontou Schopenhauer, seria a arte, as mais diversas; fuga acalentadora que desperta habilidades, concatenadas às realidades intrínsecas, oferecendo abrigo a todos que se deixam ser seduzidos e usados por cada uma delas... com mil faces, com a fluidez de um rio que comporta tanta água e espécies... e os apetece, mata sedes e fomes... deságua longe das alienações, projeções e distorções, protegido por um "campo de força " metafísico, à parte do véu.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 08/04/2025
Reeditado em 10/04/2025
Código do texto: T8305171
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