Sobre Foo Fighters, Legião Urbana e Charlie Brown Jr
Eu não fui um americano da geração "American Pie", do início dos anos 2000, apesar de ter sido adolescente na mesma época. Nunca soube o que é viver à beira de uma praia da Califórnia. Nunca provei a "famosa" pasta de amendoim, quase unânime em filmes "teens" enlatados. Também não sou um "hétero top", o tipo mais comum de fã do Foo Fighters, banda que surgiu das cinzas de Kurt Cobain, com uma roupagem bem diferente do revolucionário Nirvana. Mas suas músicas me cativaram desde o nosso primeiro encontro. Especialmente as suas músicas mais calmas. E como toda música estrangeira que eu gosto, é a melodia e não a letra que sempre me conquista. Mas mesmo com as nacionais, eu sempre senti mais a presença da arte por sua vibração nos meus ouvidos do que por qualquer outra via. Foo Fighters sempre se comunica com a minha essência, não exatamente quem eu sou, mas quem eu sempre quis ser ou ter, sua calmaria, seu estado de espírito otimista, jovem e solar. Um sol mais do início ou do fim dos dias. Músicas masculinas, mas também tão doces... E tão mais simples que os dilemas tolos que carregamos com a vida...
Foo Fighters representa para mim o meu idealismo pessoal.
Já com Legião Urbana e Charlie Brown Jr, dois gigantes da MPB, essa "vibe" ressoa diferente. Sempre gostei das músicas do Legião, nem sei desde quando. Só sei que suas músicas também se comunicam com a minha essência, mais por quem eu sou: sua melancolia quase sempre presente, seu idealismo crítico, seu desejo por um mundo melhor e de resistir ao mundo complicado da realidade humana... Pois se Foo Fighters é o sol calmo que eu gostaria de sentir mais, Legião é o céu nublado que eu sempre desejo.
Um reflexo de quem eu sou ou me tornei.
Mas o Legião para mim é uma nostalgia e um legado que eu adotei e que se comunica de maneira diferente comigo, porque eu não vivenciei o auge de sua popularidade, na primeira metade dos anos 90, se eu era apenas uma criança se aproximando da primeira idade de dois dígitos quando o Renato Russo faleceu...
Já com Charlie Brown Jr, houve uma coincidência ou sintonia, porque seu ápice culminou na mesma época da minha adolescência e início de vida adulta. Então, algumas de suas músicas se tornaram a trilha sonora dos meus tempos mais jovens, especialmente nos tempos de faculdade, até a partida precoce do Chorão. Eu sei que demorei a gostar de suas músicas, de sua versatilidade de tons, de sua crítica ousada, de sua potência lírica... Foi uma descoberta mais tardia, mas absoluta. Mais um desses encontros entre o ser humano e a arte que se entrelaçam tal quando ocorre uma sinergia perfeita entre o corpo e a alma.
Charlie Brown Jr me representa mais como uma nostalgia dos meus tempos mais jovens e que continua viva, não apenas como recordação, mas principalmente por suas músicas que fazem sentido, que sempre fizeram sentido pra mim...
Esses três não são os únicos que deixaram marcas sensíveis no meu coração e no meu espírito. Mas foram eles que eu quis comentar nesse texto.