TABOM

Francisco de Paula Melo Aguiar

[Desafios para a valorização da herança africana no Brasil].

A História do Brasil conta em versos e prosas desde 22 de abril de 1500, data do achamento ou descobrimento da Terra Brasis, quando tem inicio sua formação étnica das três raças: branco europeu, nativos ou povos originários (índios) e negros africanos aqui introduzidos como mercadoria vendida no mercado negreiro.

A miscigenação teve início aí, apesar de que na frota de Pedro Álvares Cabral não tinha um só negro e um só nativo (indio), porém, atualmente, somos mais de 210 (duzentos e dez) milhões de brasileiros descendentes das três raças.

O que é desafiar?

Ao pé da letra ou literalmente falando, significa dizer que existem barreiras ou preconceitos ou algo a ser encarado olho no olho ou a ser enfrentado, cultivado ou promovido para se chegar onde se pretende chegar, a começar pelas contribuições de sua importância introduzida e aqui desenvolvida pela cultura afrodescendente na formação da própria identidade nacional.

Portanto, o principal desafio é destacar a contribuição material e imaterial como herança africana no Brasil desde o inicio de nossa colonização em todos setores da casa grande, engenho e senzala, na economia e na plantação de cana de açúcar, em sua colheita e fabricação de açúcar.

A contribuição na cultura, na culinária, na dança, na sociedade e na própria História do Brasil com sua presença garantida em todos os setores, inclusive com suas religiosidades, costumes e tradições.

E para promover a valorização da herança africana no Brasil é preciso oferecer além do sistema de cotas já existente para ter acessado a universidade aos concursos que a educação seja de qualidade com equidade e qualidade com o uso das novas tecnologias e a própria inteligência articial.

E a valorização da herança africana no Brasil está presente nos conteúdos curriculares das escolas de educação básica abordando a sua história, a cultura africana, suas lutas por direitos, deveres e igualdade, a exemplo de Juliano Moreira (médico); Mari Odilia Teixeira (médica); André Rebouças (engenheiro); Cruz e Souza (escritor); Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho); Edson Arante do Nascimento (Pelé); Carolina de Jesus; Cartola; Dandara; Luiz Gonzaga (o rei do Baião) jair Rodrigues; Nilo Procópio Peçanha (presidente da República); Machado de Assis (escritor e sócio fundador da Academia Brasileira de Letras); Jackson do Pandeiro (cantor); e de Zumbi dos Palmares, declarado como herói nacional e o feriado nacional de 20 de novembro como o dia da consciência negra em sua homenagem no Brasil.

E de tanto outros brasileiros resilientes negros que construiram seus perfis com sangue, suor e lágrimas, exemplos a serem seguidos pelas novas gerações negras ou afrodescendentes.

E se não bastasse a partir de 2024, o 20 de novembro que passa a ser feriado nacional em oposição ao 13 de maio de 1888, dia da libertação dos escravos pela princesa Isabel, é importante motivar e incentivar por todos os meios o respeito à diversidade racial plural e combater qualquer tipo de preconceito e de discriminação, inclusive a religiosa, porque ninguém é dono da mente e da vontade da alma de qualquer raça que tem seus sonhos e emoções próprias.

Os negros têm e podem ser como são em tudo assim como qualquer outra raça, inclusive nas religiosidades, crenças, profissões, esportes e sexualidades.

Então, para valorizar a herança africana é preciso que às instituições leigas ou religiosas, governamentais ou não, promovam eventos culturais, exposições, vídeos, saraus, filmes, novelas, romances e todas e quaisquer manifestações artísticas que com detalhes expressem a riqueza da cultura afrodescendente no Brasil do século XXI, porque a senzala nos dias atuais já não é possível fazer a raça negra calar e aceitar tudo dizendo passivamente que tá bom, onde antes lhes eram negados a liberdade, direitos e obrigações.

E tais tais iniciativas antes citadas serviram para ajudar a promover a sensibilização da sociedade brasileira para respeitar a importância da herança africana, porque respeitar não significa aderir ou ser um afrodescendente postiço para aparecer na foto.

É urgente que se combata de todas às formas os estereótipos e ideias preconceituosas contra a raça negra, a exemplo do que já se faz naturalmente com a raça branca e os povos originários no Brasil.

Que as oportunidades sejam iguais para a raça negra brasileira, assim como as demais, independente da cor da pele porque todos são filhos de Deus e tem as mesmas necessidades básicas em qualquer parte do mundo, daí sejam urgentemente implementadas ações afirmativas que valorize o respeito ao orgulho negro.

Em outras palavras, valorizar a herança africana brasileira no século XXI, estaremos reconhecendo tardiamente a importância da cultura afrodescendente, elemento integrante para a própria construção da identidade nacional, para fortalecer seus sonhos igualdade e justiça social, evitando, por exemplo, o que aconteceu com a Revolta dos Malês na Bahia, em 25 de janeiro de 1835, no século XIX em que os afrodescendentes resolveram regressar a África e que ainda hoje constituem o povo "tá bom" ou "tabom" em Gana/África porque já não falavam mais a língua africana de seus ancestrais, falavam português e atualmente são descentes dos afro-brasileiros, porém, não falam português e continuam conhecidos como "tabom", aceitando tudo sem saber o que tá bom.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 04/11/2024
Reeditado em 04/11/2024
Código do texto: T8189113
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