Mantiquiera 7 Artes - umapoesia
Revista de Cultura e Arte
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Pastiche
De cais matutino – ribeiro couto
ZB
MARCADO DA VIDA, MARCADO DA MORTE
SAÍ PELA ESTRADA FEROZ DA EXISTÊNCIA
SEM ENCONTRAR SAÍDA, SEM LENIÊNCIA,
AO LONGE, eis q VI - caminho do Norte.
ERGUIa-se NO MONTE, amplo Cruzeiro -
Mas A SENDA , QUE A ELE LEVAVA
DESGUIAVA EM RAMPA Q' AO INFERNO DAVA,
OU SEGUIA ESTRADA ... DO CEMITÉRIO VIA
ONDE apenas O TRÁFEGO ERA tudo Q IA.
CORTEJOS FÚNEBRES SEMPRE SEGUIMOS,
POR MAIS Q' A ELES SEJAMOS ESQUIVOS,
ATRÁS TROPEÇAmOS, caímos SEM GLÓRIA
OU CARREGADOS à FRENTE
tornamos SEMENTE.
Ribeiro Couto
Mercado do peixe , mercado da aurora :
Cantigas, apelos, pregões e risadas
À proa dos barcos que chegam de fora .
Cordames e redes dormindo no fundo ;
À popa estendidos, as velas molhadas ;
Foi noite de chuva dos mares do mundo .
Pureza do largo , pureza da aurora ,
Há viscos de sangue no solo da feira ,
Se eu tivesse um barco partiria agora .
O longe que aspiro no vento salgado
Tem gosto de um corpo que cintila e chora
Para mim sozinho, num mar ignorado .
Zulcy Borges e Ribeiro Couto