# Momento Itajubense : Ex-prefeito de Itajubá foi reeleito sem maioria / Bolsonaro continua contaminando imprensa *

Um jornal de Itajubá - Sul de Minas Gerais

14/10/2024

Textos Redações

# Kalúnia 2024: Itajubá é uma cidade sem informação sobre corrupção na prefeitura e na Unifei

Um jornal de boatos confirmados

Infectada pelo bolsonarismo, Itajubá é uma cidade quase sem informação, haja visto as que faltam no momento sobre o escândalo de corrupção em sua prefeitura e sobre a situação do patrimônio do Diretório Acadêmico da Universidade Federal de Itajubá - o Daefei.

A cidade conta

com apenas um jornal impresso semanal, dominado pelo ex-prefeito Rodrigo Riera , do qual foi secretário municipal de Saúde o ex-vice prefeito e também ex-secretário municipal de Saúde, farmacêutico Nilo Baracho, em prisão cautelar depois de participar durante anos do desvio comprovado de milhões de reais do orçamento da Prefeitura de Itajubá.

Houve ainda a comprovação policial de que um dos maiores empresários locais , Hassan George Al Mohallem, esteve diretamente envolvido no mesmo delito. Foi detido, mas conseguiu sua soltura, só que com uso de tornozeleira eletrônica. Quanto a conclusão do caso , está em segredo de justiça.

O caso do Daefei é outro acinte

O maior diretório acadêmico da América Latina , como se orgulhava e tem ainda escrito numa de suas ruínas, está com seus imóveis na Justiça penhorados por dívidas com músicos. Dominado por estudantes bolsonaristas, o Daefei só não perderia tudo caso aceitasse uma proposta indecente do atual prefeito bolsonaro de Itajubá, Christian Gonçalves.

Em conluio com o mais que conhecido bolsonarista , o atual reitor da Unifei, o prefeito Christian, que nunca fez nada que preste no município, pretende instalar uma escola cívico militar de período integral nos históricos imóveis em ruínas do Daefei.

Explica-se,o atual reitor da Unifei, é o professor Edson Luiz da Costa Bertoni, que fraudou a última eleição para o cargo, aproveitando-se da praga do Jair na presidência.

Hospital das Clínicas de Itajubá

A corrupção na Prefeitura de Itajubá envolveu e pode estar ainda envolvendo o Hospital das Clínicas de Itajubá - HCI, bem como a fundação particular mantenedora das duas entidades FMIt e HCI.

Acontece que o famigerado bolsonarista Nilo Baracho, vinha de ser secretário municipal de Saúde, desde as duas gestões do também ex-prefeito, idem Bolsonara, Rodrigo Riera, e arrumou emprego de professor na Faculdade de Medicina de Itajubá - FMIt - ligada ao HCI. É um nó, que fez inclusive de Itajubá um dos municípios mineiros com mais vítimas mortais da pandemia da Covid. Aliás, por incrível que pareça, o atual prefeito Christhian e Baracho contraíram Covid, uma vez que não se vacinaram porque bolsonaristas convictos.

Rodrigo Riera, do PSD, infelizmente, está eleito prefeito de Itajubá já no 1º turno.

O ex-prefeito e empresário, Rodrigo Riera, do Partido Social Democrático (PSD) teve 42,63% dos votos dados a todos os candidatos. Em segundo lugar ficou Pedro Gama, do Partido Verde (PV) , com 37,39%.

Veja a lista de candidatos a vereador mais votados.

Eleições 2024: Rodrigo Riera, do PSD, é eleito prefeito de Itajubá no 1º turno

O ex-prefeito e empresário, Rodrigo Riera, do PSD, foi eleito neste domingo (6) prefeito de Itajubá (MG) para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Rodrigo Riera teve 20.862 votos, 42,63% dos votos válidos (dados a todos os candidatos).

Os dados oficiais são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Confira o resultado do 1º turno em Itajubá após a apuração:

Rodrigo Riera (PSD): 20.862 votos, 42,63% dos votos válidos

Pedro Gama (PV): 18.300 votos, 37,39% dos votos válidos

Markinhu Meireles (PL): 9.149 votos, 18,69% dos votos válidos

Leandra Machado (NOVO): 628 votos, 1,28% dos votos válidos

A eleição em Itajubá teve 53.160 votos totais, o que inclui 1.709 votos brancos, 3,21% dos votos totais, e 2.512 votos nulos, 4,73%.

A abstenção foi de 14.858 eleitores, 21,84% do total de aptos a votar nas eleições 2024 na cidade

Quem é Rodrigo Riera

Rodrigo Riera tem 50 anos, é casado, tem superior incompleto e declara à Justiça Eleitoral a ocupação de empresário. Ele declarou um patrimônio de R$ 2.820.000.

O vice-prefeito eleito em Itajubá é Roberto Bob, do UNIÃO, 54 anos.

Os dois fazem parte da coligação ITAJUBÁ DE VOLTA AO CAMINHO CERTO, formada pelos partidos REPUBLICANOS, PRD, UNIÃO, AVANTE, PSDB, CIDADANIA e PSD.

Histórico dos prefeitos eleitos em Itajubá

Partidos dos prefeitos eleitos

Ano Partido

2000 PSDB

2004 PFL

2008 PTB

2012 PMDB

2016 PMDB

2020 DEM

2024 PSD

Candidatos a vereador mais votados para a Câmara dos Vereadores de Itajubá

Nome de urna Partido Número de urna Votos

Silvio do Jardim São Francisco PDT 12345 3.165

Luciano da Farmácia PL 22777 2.273

Rafael Rodrigues PL 22222 1.980

Osmar da Padaria Guimarães MOBILIZA 33300 1.896

Andressa do Coletivo PT 13456 1.890

Dr Ricardo do Sos Aids PP 11234 1.862

Zé Pequeno PL 22670 1.238

Marcio Caldas PSDB 45622 1.166

Samer MOBILIZA 33456 1.132

Rafael Gonçalves REPUBLICANOS 10999 1.089

O ‘suposto’ aprendizado do jornalismo pós-barbárie de Bolsonaro é nulo

Por André Graziano (*)

Depois da campanha de 2018 e dos quatro anos de Bolsonaro, a imprensa não aprendeu nada. O jornalismo declaratório – que reproduz sem contexto acusações infundadas, com o pretexto de que está apenas noticiando uma declaração, mesmo que criminosa – continua dando a tônica de boa parte da cobertura política. Foi assim com “Bolsonaro diz que vacinas não funcionam” ou “Bolsonaro afirma que fraude está no TSE”. E continua.

O caso mais recente é do documento falsificado divulgado por Pablo Marçal (PRTB), um candidato que, repetidamente, vem adotando um comportamento criminoso, sob o olhar complacente da Justiça Eleitoral, já normalizado no noticiário. Marçal e seus comparsas falsificaram um laudo que aponta, de forma mentirosa, uso de cocaína por Guilherme Boulos (PSOL) em 2021.

Em nome de uma isenção hipócrita, o jornalismo é usado como cúmplice de um ato criminoso (e, aqui, dou o benefício da dúvida, atribuindo mais culpa do que dolo). Títulos davam um tom (“Marçal divulga suposto laudo que aponta uso de cocaína por Boulos”), enquanto as próprias matérias demonstram as fragilidades da falsificação. A suposta notícia, dessa maneira, presta um desserviço.

As fragilidades que apontam para uma falsificação é que deveriam dar o tom das chamadas, já que a maior parte dos leitores não passa do título ou da manchete. E a imprensa já tinha tais fragilidades em mãos, tanto que apareciam no meio do texto!

No jornalismo, a notícia tem sempre um lead. Na cobertura escrita, é o primeiro parágrafo de um texto noticioso, onde o principal fato já é informado (basicamente: o que aconteceu, com quem, quando, como, onde e por quê).. Os demais parágrafos têm complementos, desdobramentos, repercussão, informações complementares. Evidências de uma falsificação em um documento tão grave divulgado por um candidato a dois dias da eleição é que são o lead, não a divulgação em si, como a imprensa inicialmente noticiou.

No dia seguinte, o tom da cobertura mudou. Veículos de imprensa passaram a trazer já no título que o documento era uma falsificação grosseira. O problema é que o dia seguinte quase sempre é tarde demais.

(*) jornalista e gerente de mídias sociais do ICL Notícias

Um jornal de Itajubá - Sul de Minas

Sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Com 42,37% dos votos, portanto menos do que a metade, o empresário Rodrigo Riera,

do Partido Democrático Social - PDS - foi eleito pela terceira vez prefeito de Itajubá já no primeiro turno. Ele teve apenas pouco mais de mil e duzentos votos acima do vereador Pedro Gama, do Partido dos Trabalhadores, mas conseguiu se eleger dado o cômputo geral de mais de treze mil abstenções.

Prefeito de Heliodora eleito mais novo de Minas Gerais e segundo do Brasil conta como será sua administração

Eduardo do Alex foi eleito prefeito de Heliodora, Sul de Minas, com apenas 21 anos e 7 meses. Ele é filho do ex-prefeito Alex, já falecido.

Eduardo Cheung tem 21 anos e 7 meses. E ele foi eleito prefeito de Heliodora, Sul de Minas, na idade mínima exigida para o cargo. O político é o mais novo de Minas Gerais eleito para o executivo municipal nas eleições 2024. O segundo do Brasil.

Nesta quinta-feira (10/10), Eduardo esteve no estúdio do Terra do Mandu para participar do Mandu News. Na entrevista ele contou como será sua administração. Ele explica que o trabalho de transição já começa nesta semana.

Eduardo levou para a urna o a história do seu pai junto com ele. Alex Leopoldino de Lima, o Alex do Japão, foi prefeito de Heliodora por dois mandatos. Ele faleceu em maio de 2023, durante o segundo mandato, em decorrência de um câncer.

Eduardo ocupou cargo na prefeitura durante a gestão do pai e viajava para compromissos políticos com o então prefeito Alex. Foi assim que aprendeu a gostar de política.

Crivella igual Bolsonaro

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) tornou, nesta terça (8), o ex-prefeito do Rio e atual deputado federal Marcelo Crivella inelegível por oito anos. A decisão se baseia em crimes de abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de 2016 e 2020, além de envolvimento no esquema de corrupção conhecido como "QG da Propina". O empresário Rafael Alves, apontado como um dos principais articuladores do esquema, também foi condenado à inelegibilidade.

O que aconteceu

O "QG da Propina" envolvia a cobrança de vantagens ilícitas em troca de favorecimentos em contratos da prefeitura durante a gestão de Crivella. Segundo o Ministério Público, o esquema arrecadou mais de R$ 50 milhões, e Alves, apesar de não ocupar um cargo oficial, tinha influência direta nas negociações, operando a partir da Riotur, empresa de turismo do município.

Multa

Ambos foram condenados a pagar uma multa de R$ 106.410 cada. O período de inelegibilidade será contado a partir das eleições de outubro de 2020, o que impede Crivella e Alves de disputarem cargos públicos até 2028. A decisão ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O que diz o relator

Em sua decisão, o relator do processo, desembargador Rafael Estrela, destacou o conhecimento de Crivella sobre as ilicitudes e o papel de Rafael Alves como articulador do esquema que favorecia empresas em troca de apoio financeiro para as campanhas eleitorais de Crivella em 2016 e 2020. A sentença manteve o entendimento da condenação em primeira instância, proferida em março deste ano.

Já foi preso

Marcelo Crivella já havia sido preso em dezembro de 2020, nos últimos dias de seu mandato como prefeito, sob a acusação de liderar uma organização criminosa na Prefeitura do Rio. A investigação revelou que o esquema já estava em operação antes mesmo de Crivella assumir a prefeitura, com o objetivo de garantir apoio financeiro irregular para sua eleição.

Marcelo Crivella fica inelegível por 8 anos por abuso de poder político e econômico.

A Crônica do Mahl

Aos fatos e fetos:

O ex-presidente (Graças a Deus!) Jair Bolsonaro ( do Partido Liberado) e sua gangue, como todo mundo sabe, roubou e negociou ilegal ummonte de joias dadas por delegações estrangeiras à ele quando presidência da República.

A Polícia F, os itens de alto valor foram omitidos do acervo público e vendidos para enriquecer o ex-presidente.

O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confessou ter negociado a venda das joias a mando do ex-presidente.

Operação da PF

A PF deflagrou a Operação Lucas 12:2 — o nome foi uma alusão ao versículo bíblico que diz que "não há nada escondido que não venha a ser descoberto".

Quatro pessoas foram alvo da operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF): Mauro Cesar Barbosa Cid; o pai dele, o general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e tenente do Exército Osmar Crivelatti; e o advogado Frederick Wassef, que já defendeu Bolsonaro e familiares em processos judiciais.

Apesar de ter o nome mencionado pela PF como integrante de uma suposta "organização criminosa", Bolsonaro não foi alvo da operação.

Moraes disse haver "fortes indícios de desvios de bens de alto valor patrimonial" no caso das joias negociadas pelo entorno do ex-presidente.

O ministro do STF é relator do inquérito que investiga a atuação de uma suposta milícia digital contra a democracia.

Segundo a PF, os crimes apurados na operação foram lavagem de dinheiro e peculato (desvio de bem público).

A operação atingiu integrantes do núcleo mais próximo de Bolsonaro um mês depois de ele ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ficar inelegível por oito anos.

Presentes roubados

A investigação envolve os presentes de alto valor que Bolsonaro recebeu quando ainda era presidente da República (2019-2022).

Por lei, tais objetos devem ser incorporados ao acervo da Presidência da República, ou seja, são bens públicos e não pessoais. Uma exceção são itens considerados "personalíssimos", como roupas, perfumes e alimentos.

Mas, segundo os investigadores, esses presentes de alto valor foram incorporados ao patrimônio pessoal de Bolsonaro e negociados com fins de enriquecimento ilícito.

Os objetos sobre os quais a investigação da PF se debruçou são, por enquanto: um kit da marca suíça Chopard, dois relógios (um da marca suíça Rolex, acompanhado por joias, e outro da marca suíça Patek Philippe) e duas esculturas douradas folheadas a ouro.

No entanto, os investigadores não descartam que mais peças tenham sido apropriadas indevidamente por Bolsonaro.

Abaixo, mais detalhes sobre cada um desses itens.

Kit da Chopard

Em outubro de 2021, durante uma viagem do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita, o governo Bolsonaro recebeu um kit com itens da marca suíça Chopard que incluía: uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário islâmico ("masbaha") e um relógio.

Esse kit teria sido trazido pelo próprio ministro na sua bagagem pessoal sem ser declarado e permanecido guardado no cofre do prédio do ministério por mais de um ano, até ser registrado e enviado ao acervo da Presidência da República.

Segundo a investigação da PF, esse kit saiu do Brasil no mesmo voo oficial que levou Bolsonaro, sua família e seus assessores à Flórida, nos Estados Unidos, no dia 30 de dezembro de 2022, o penúltimo dia de seu mandato.

Levadas a leilão pela Fortuna Auctions, uma casa de leilões sediada em Nova York, nos Estados Unidos, com valor inicial de US$ 50 mil (R$ 248 mil, segundo cotação atual) — mas com valor estimado entre US$ 120 mil (R$ 596 mil) e US$ 140 mil (R$ 695 mil) —, as peças não foram arrematadas "por circunstâncias alheias à vontade dos investigados", disse a PF em relatório.

Em março, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Bolsonaro entregasse esse kit à Caixa Econômica Federal (CEF) — os bens foram posteriormente "resgatados" na casa de leilão e devolvidos ao governo pela defesa do ex-presidente.

Relógio Patek Philippe

O relógio da marca suíça Patek Philippe foi recebido possivelmente, segundo a PF, durante visita oficial de Bolsonaro ao Bahrein, um pequeno país no Golfo Pérsico, em novembro de 2021.

Pela investigação, esse item foi negociado junto com o Rolex que fazia parte de um dos presentes dados pelo governo da Arábia Saudita (ler mais abaixo).

Segundo a PF, o relógio Patek Philippe foi extraviado do acervo oficial "diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro".

A investigação aponta que fotos do item foram enviadas por Mauro Cesar Barbosa Cid para um contato cadastrado em sua agenda como "Pr Bolsonaro Ago/21" em 16/11/21, ainda durante a viagem ao Bahrein.

Cid também enviou ao mesmo contato outra foto, do certificado do relógio, indicando que a peça era original de uma loja daquele país, ainda conforme a PF.

Esculturas folheadas a ouro

Segundo a PF, Bolsonaro recebeu, em novembro de 2021, uma escultura de barco folheada a ouro em um seminário com empresários árabes e brasileiros no Bahrein.

A outra escultura, também folheada a ouro, mas em formato de palmeira, não teve a origem identificada.

As duas peças recebidas por Bolsonaro como presentes oficiais também foram levadas no voo oficial para Orlando, antes de o ex-presidente concluir seu mandato.

Dali, os itens foram encaminhados para lojas especializadas nos estados americanos da Flórida, Nova York e Pensilvânia, "para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta".

Segundo a PF, mensagens de Mauro Cid indicam que os objetos foram avaliados com valores baixos porque eram apenas "folheadas", e não de ouro maciço.

Não há menção na investigação quanto ao valor das peças em reais.

Rolex e joias

Em viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019, Bolsonaro recebeu um kit com: anel, abotoaduras, um rosário islâmico ("masbaha") e um relógio da marca Rolex, de ouro branco com diamantes.

Foi um presente pessoal do rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, ao ex-presidente.

Esse Rolex foi, segundo a PF, negociado junto com o relógio Patek Philippe por US$ 68 mil (R$ 346.983,60 na cotação da época).

A PF não estimou o valor dos outros itens em seu relatório.

Segundo os investigadores, esse kit também foi transportado no último voo oficial de Bolsonaro como presidente, em dezembro de 2022.

Mas acabou desmembrado por seus assessores: o relógio foi vendido a uma empresa especializada, e as joias, entregues para venda em outra.

Assim como o kit da Chopard, esse kit teve que ser "resgatado" por aliados de Bolsonaro após decisão do TCU, em março, que determinou que eles teriam que ser devolvidos ao governo federal.

Segundo a PF, essa "operação de resgate" envolveu novamente Mauro Cid — e também Frederick Wassef, amigo de Bolsonaro e ex-advogado dele.

A recompra teria acontecido em uma loja localizada no complexo Seybold Jewelry Building na cidade de Miami, na Flórida.

"Primeiramente o relógio Rolex DAY-DATE, vendido para a empresa Precision Watches, foi recuperado no dia 14/03/2023, pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil, na data de 29/03/2023. No dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid, que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro", diz a PF em seu relatório.

Segundo a investigação, Cid chegou ao Brasil em 28 de março com as joias, e Wassef, no dia seguinte, com o Rolex.

O kit foi remontado e entregue em uma agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília, em 4 de abril de 2023.

A PF lembra que, no caso do relógio Patek Philippe, ele não havia sido registrado, portanto, não foi necessária a mesma "operação de resgate" para "recuperar o referido bem, pois, até o presente momento, o Estado brasileiro não tinha ciência de sua existência."

Frederick Wassef, advogado de BolsonaroCrédito,Reuters

Legenda da foto,Frederick Wassef foi um dos alvos da operação da PF

Segundo a PF, Bolsonaro, assim como outros investigados, são suspeitos de "desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior".

A investigação apontou, além disso, que os montantes obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente por meio de intermediários e sem utilizar o sistema bancário formal, visando ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

Uma troca de mensagens em janeiro deste ano por Mauro Cid e Marcelo Câmara, assessor especial da Presidência da República, incluiu um áudio no qual Cid faz alusão a 25 mil dólares que pertenceriam a Bolsonaro.

"Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em 'cash' aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. (...) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?", diz Cid.

A investigação da PF mostrou também, a partir da análise de mensagens no WhatsApp, que Mauro Cid teve a ajuda do seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, para negociar os itens e repassar o dinheiro das vendas.

Uma das evidências disso, segundo a PF, é reflexo dele em uma foto da caixa de uma das esculturas folheadas a ouro que não foi vendida.

Lourena Cid é amigo pessoal de Bolsonaro. Os dois se formaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Durante o governo Bolsonaro, Lourena Cid ocupou um cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Mais joias

Também na última sexta-feira (11), uma investigação paralela sobre outras joias — também dadas pela Arábia Saudita — que corria na Justiça Federal paulista, foi enviada ao STF a pedido do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo.

Essa investigação foi aberta em maio deste ano, após a apreensão de um conjunto formado por colar, anel, relógio e brincos de diamantes pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos.

As joias seriam presentes para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Os itens foram encontrados na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

Como não foram declaradas, as peças acabaram confiscadas.

Pela lei, todo bem avaliado em mais de R$ 5 mil (US$ 1.000) deve ser declarado na chegada ao país.

A revelação sobre a apreensão dos objetos foi feita, em março, pelo jornal Estadão.

Segundo o MPF, o caso sob investigação em São Paulo tem ligação com os fatos em análise no STF.

Reflexo de Mauro Cesar Lourena Cid em caixa de escultura folheada a ouroCrédito,Reprodução/PF

Legenda da foto,Reflexo de Mauro Cesar Lourena Cid em caixa de escultura folheada a ouro.

Ele acrescentou que comprou o Rolex com dinheiro vivo, "do meu banco", e declarou a transação à Receita Federal.

Pega ladrão!

Zulcy Borges e editor e jornalista diplomado
Enviado por Saskia Bitencourt em 14/10/2024
Reeditado em 18/10/2024
Código do texto: T8173034
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