* Mantiqueira 7 Artes: Concurso de Piano de Pouso Alegre / Cinema para entender o Mundo

Revista de Cultura & Arte

Concurso de Piano celebra 70 anos do Conservatório de Pouso Alegre

Evento no Teatro Municipal tem entrada gratuita

Ele acontece nesta sexta-feira (11), a partir de 18h30.

Nayara Andery

Os pianistas se apresentarão no Teatro Municipal de Pouso Alegre dentro do Concurso de Piano Antônio Delorenzo, do Conservatório Estadual de Música, nesta sexta-feira (11). A entrada é gratuita. A ação celebra os 70 anos do Conservatório.

As apresentações começam às 18h30. O Concurso de Piano é realizado anualmente pelo Conservatório. Esta edição tem a participação do compositor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pianista, Ernesto Hartmann. Ele fez músicas exclusivas para o concurso e está na banca dos jurados.

O concurso incentiva a cultura do piano na região, promove o lazer e desperta o interesse do estudo desse instrumento, presente desde a música popular até a clássica.

Nesta edição, 90 pianistas de diferentes faixas etárias se apresentam durante toda esta semana. A maioria é de alunos do Conservatório e tem candidatos de Cachoeira de Minas e Botelhos, em Minas Gerais, além de São Paulo (SP).

Os candidatos apresentam duas músicas, uma de livre escolha e outra de confronto do compositor homenageado. Entre os compositores de piano erudito escolhidos estão Guerra Peixe, Lorenzo Fernandes, Ernesto Nazareth, Mendelssohn, Villa Lobos e Frederic Burgmuller.

Cinema para entender o mundo

por Norma Couri

10 de outubro de 2024

Quem enquadra cinema na categoria apenas de diversão vai descobrir que a arte ensina a entender o mundo, a história, os modos de vida, as humanidades, a comunicação e a mecânica das guerras. Ensina até a aprender a votar nesses tempos de eleição. Tudo isso concentrado em 29 salas onde acontece a 48ª Mostra Internacional de Cinema que colore a primavera de São Paulo com as cores das bandeiras de 82 países. É deles que serão exibidos 415 filmes novos em quase 15 dias, de 17 a 30 de outubro. Quem está acostumado com Hollywood verá as cores do Catar, da Rússia, Ucrânia, Iraque, Turquia, Luxemburgo, Sérvia, Cuba, América Latina, Europa…

Este ano a Mostra traz uma luz importante sobre conflitos que ameaçam o mundo e acontecem no Oriente Médio. Contos de Gaza, Happy Holidays e No Other Land são filmes de palestinos, o primeiro de Mahmoud Nabil Ahmed, o segundo de Scandar Copti e o terceiro de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor. A iraniana Hana Makhmalbaf filmou A Lista sobre os marcados para morrer momentos antes dos Estados Unidos deixar o Afeganistão. A libanesa Sylvie Ballyot traz Linha Verde. O sueco Göram Olsson, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989. E o diretor israelense Amos Gitai, Shikun e Por Que A Guerra?

Bastaria esse olhar, mas a Mostra traz um segmento importante sobre os excluídos no foco especial sobre a Índia, com 30 longa-metragens de sua desafiante Bollywood. Entre eles dois filmes de mulheres, Tudo que Imaginamos como Luz, de Payal Kapadia, que recebeu o grande prêmio do júri do Festival de Cannes este ano, e Segunda Chance, de Subhadra Mahajan, sobre a exclusão afetiva e moral sofrida por uma garota após um aborto. Além de documentários que são jornalismo na tela, como o multipremiado, Marchando na Escuridão, de Kinshuk Surjan.

Entre os muitos imperdíveis está a retrospectiva de um dos maiores cineastas do mundo, Satyajit Ray (1921-1992). O indiano trabalhou com Jean Renoir e teve forte influência de Vittorio De Sica, porque foi ao assistir Ladrões de Bicicleta, em 1948, que decidiu ser cineasta. Além de outros seis, seu primeiro longa-metragem que espantou o mundo, A Canção da Estrada, está na Mostra.

O desenho escolhido para a arte desta edição faz parte do seu storyboard, o cineasta foi um fino designer gráfico, editor, ilustrador, crítico de cinema. Em seu cinema há um entrelaçamento contemporâneo entre o drama doméstico num cenário plácido e os dramas do mundo ecoando por fora, ambiguidades e certezas.

Entre os 22 filmes brasileiros da Mostra, está aquele que lembra um dos momentos lúgubres da ditadura, um alerta para quem, num ano de eleição, flerta com segmentos da política que levam para este caminho. Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, levou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e foi o indicado do Brasil para concorrer ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro. O filme é história contemporânea viva, traz o drama do deputado do PTB Rubens Paiva, torturado e assassinado nas dependências de um quartel militar em 1971, nos anos de chumbo. O roteiro baseou-se no livro do filho do deputado, Marcelo Rubens Paiva, sobre a mãe, Eunice, interpretada pelas duas Fernandas, Torres e Montenegro.

Também em memória dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que derrubou quase meio século de ditadura em Portugal, a Mostra vai exibir a cópia restaurada de Capitães de Abril (2000), de Maria de Medeiros, que virá para uma conversa com o público.

Não esqueceu a homenagem aos 100 anos de nascimento de Marcelo Mastroianni, com cópias restauradas de seis filmes, entre eles Olhos Negros, de Nikita Mikhalkov, que fez ressurgir sequências apagadas com Isabella Rosselini. Além de Marcello Mio, de Christophe Honoré, exibido este ano no Festival de Cannes.

Os premiados de diversos Festivais estão presentes. Vermiglio, de Maura Delpero, vencedor do grande prêmio do júri do Festival de Veneza; Dahomey, de Mati Diop, vencedor do Urso de Ouro em Berlim; Os Vislumbres, de Pilar Romero, que rendeu a Patrícia López Arnais o prêmio de melhor atriz em San Sebastian; Afogamento Seco, de Laurynas Bareisa, vencedor do prêmio de melhor direção; Sujo, de Astrid Rondero e Fernanda Valadez, vencedor do grande prêmio do júri do Festival de Sundance; e Memórias de um Caracol, de Adam Elliot, vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Animação de Annecy.

O Prêmio Humanidade será concedido ao ex-ministro da Cultura haitiano Raoul Peck, indicado ao Oscar de melhor documentário de longa-metragem em 2017 por Eu Não Sou Seu Negro, sobre James Baldwin. Seu filme mais recente será exibido na Mostra. Premiado como o melhor documentário no Festival de Cannes este ano, Ernst Cole: Achados e Perdidos, traz a história do fotógrafo sul-africano Ernst Cole (1940-1990), o primeiro a expor os horrores do apartheid na África do Sul.

Pela primeira vez a 49ª edição inclui a Mostrinha para crianças, com pôster assinado por Satyajit Ray, abrindo com uma versão do dilúvio bíblico inspirado na obra de Vinícius de Morais, Arca de Noé, uma coprodução entre Brasil e Índia, de Sérgio Machado e Alois di Leo.

A abertura para a imprensa exibiu Anora, de Sean Baker, vencedor da Palma de Ouro em Cannes este ano, uma comédia erótica que envolve uma prostituta do Brooklyn de 23 anos, o filho de um oligarca russo de 21 anos e seus capangas armênios, que termina mal, e recoloca valores, poderes e sentimentos para além do sexo.

A cerimônia de abertura acontece dia 16 de outubro na Sala São Paulo com apresentação da diretora Renata de Almeida e do jornalista Serginho Groisman e a exibição de Maria Callas, do chileno Pablo Larrain, que já retratou outros ícones femininos como Jackie (2016) e Spencer (2021). Larrain também é autor de No, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013, sobre a campanha do publicitário René Saavedra durante um referendo pela permanência do General Augusto Pinochet no poder, que convence o povo a votar Não, interrompendo a ditadura no país. Maria Callas foi indicado ao Leão de Ouro no Festival de Berlim.

A não perder. Todas as informações da Mostra estão no site oficial: https://48.mostra.org/ e nos canais:

Instagram: @mostrasp

Rápida

Fernanda Torres vence prêmio internacional com filme ‘Ainda Estou Aqui’.

Saskia Bitencourt
Enviado por Saskia Bitencourt em 11/10/2024
Reeditado em 11/10/2024
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