Ética e Política
É possível falarmos de ética da política?
Será que estes dois termos cabem na mesma frase de forma harmônica e em com base conceitual aceitável?
Atualmente, ética e política estão profundamente separados ou disjuntos?
Perguntas que pairam em nossas mentes. É, contudo impreterível ter-se uma análise do ponto de vista axiológico, levando em conta os aspectos que permeiam às temáticas contemporâneas.
Urde, de certa forma, aprimorar a gestão pública, e igualmente aprimorar o processo político enquanto bem social e democrático que colabora para o bem estar da sociedade. Levando em conta fatores impactantes que se vivenciou no transcorrer do século XX e reverbera ferozmente no presente século XXI, tendo os seus efeitos sentidos no campo político. Foi o fim das “metaideologias”, das ideologias na qual abarcavam um sistema político de governar. A exemplificação clara é o colapso falimentar do “socialismo” como sistema “puro” de governo e regime político, enquanto ideologia. A gestão empírica ganha fama a partir do momento em que há uma libertação do arcabouço ideológico, que personificava-se como um tenebroso grilhão. Com o declínio de metanarrativas que pautavam maciçamente os debates políticos até então.
É imperioso destacar de forma lúcida e real, o descrédito que a política vem passando ante a opinião pública. E leva invariavelmente ao questionamento mais profundo, ficando um “ponto de interrogação“ na mente das pessoas, dos cidadãos, dos atores sociais que fazem parte da multifacetada sociedade. Quais são as ações e os fins da política? Este ato per se é um processo envolto num panorama de reflexão latente.
É, contudo pertinaz traçar um retorno ao passado clássico. Já exposto de forma contumaz pelo estagirita Aristóteles , advindo da Calcídica. E que na sua vasta obra, já colocava temas como a moral dentro do espectro político. Portanto a política, a moral, a cidade e a sociedade eram assuntos inseparáveis e deviam necessariamente passar pelo doxa, e sofrer o processo reflexivo, pautado pelo logos.
É inquebrantável no tangente ao fato puro que o processo político está totalmente imbuído de aspectos morais. Os princípios políticos mais augustos exigem, clamam por uma base moralizante.
E quais são os princípios éticos que poderão dirigir as democracias “modernas”? E quanto aos regimes vigentes que tem traços e características fortemente despóticas e ditatoriais? Como tratá-los?
E a pergunta que não quer cala! As democracias de “fachada”? Estes arcabouços de governos tão comuns na Latino-América. Qual o procedimento a ser adotado?
É fato consumado que com o desmoronamento e a falência do socialismo/comunismo, abriu-se um vazio que sentimos os seus efeitos de forma clara e impactante nas sociedades pautadas politicamente por eles. Abre-se um interregno de incertezas que impacta na sociedade. E o capitalismo quase detém o monopólio no Mundo.
A construção da política sob a luz revigorante da ética e da moral é algo imprescindível para a manutenção e ampliação dos ideais democráticos. Haja vista que a “política” traduz-se claramente como os; “assuntos concernentes à polis”, um termos advindo do grego. E igualmente como o termo democracia, assume a transliteração significante da; “vontade dos demos” do grego. São termos quase que ambíguos, mas mutuamente inclusivos, e tem uma mesma raiz conceitual, além de prática. E somente são construções possíveis com a inclusão à baila no debate da moral, da ética nos campos político e democrático.
Mas que moral que queremos? E que ética?