O que Leonel Brizola defendeu
Leonel Brizola (1922-2004) foi, em sua época, um importante líder da esquerda brasileira. Ao retornar do exílio, em 1979, parecia mais moderado e ponderado. Tentou sem êxito eleger-se presidente, mas conseguiu por duas vezes ser governador do Rio de Janeiro.
Falava na televisão e escrevia artigos na imprensa, apelidados "tijolaços". Seu estilo era sagaz e cirúrgico. Lembro quando Sarney lançou o Plano Cruzado, que congelou preços e no começo entusiasmou o povo. Aí saiu um artigo de Brizola com o título que dizia tudo: "Acabar com a inflação por decreto?"
Pois bem. Certa vez o Brizola declarou na televisão que (obviamente não posso reproduzir palavra por palavra) para realizar as necessárias reformas no país não havia necessidade de mudar o sistema; podia-se fazer as reformas dentro do sistema existente. Ou seja, no capitalismo.
Posteriormente vi num tijolaço o mesmo pensamento, e a sugestão de tomar a Austrália como modelo.
Vocês entenderam? Brizola não apontou como modelo a seguir Cuba, e sim Austrália. Um país capitalista.
Infelizmente Brizola foi rapidamente esquecido no ambiente das esquerdas. A atual militância esquerdista brasileira quer porque quer o socialismo, isso embora esse sistema historicamente seja um fracasso que sempre conduz à miséria e à fome, além de opressão e desespero. Isso desde a revolução russa: leiam "Doutor Jivago", de Boris Pasternak. E chegando aos atuais desastres de Cuba e Venezuela.
Eu não sou esquerdista, mas penso que os esquerdistas sinceros deveriam buscar aquele pensamento de Brizola e reconhecer que a solução está no capitalismo. É claro, não estou defendendo as mazelas do capitalismo. Tem que ser um capitalismo humanizado, com os critérios da Doutrina Social da Igreja Católica, expostos nas enciclicas sociais dos papas. O que não pode dar certo é o socialismo, já que ele parte da deificação do Estado, e isso não pode dar certo simplesmente porque o Estado não é Deus.
(imagem da Wikipédia)