A MÃE ESCOLHIDA

No sul do Brasil, e com apenas alguns meses, o menino mal cuidado, mal alimentado, já sonhava por dias melhores.

Em outro estado do país, em São Paulo, um casal de empresários do ramo calçadista, perdeu seu segundo filho, em menos de 2 anos.

A tristeza se estabelecia naquele lar, por mais que estivessem bem financeiramente, faltava algo para aquela família.

Um belo dia, após uma viagem ao sul do país para vender calçados, o vendedor retorna para fábrica e diz ter uma família passando necessidade em Joinville/SC, e estão pensando em colocar o filho recém-nascido para adoção.

O casal se anima e vai até em casa e se prepara para a viagem, juntamente com um casal de amigos, compadres e comadres.

Enquanto isso, num barraco de madeira, a jovem mãe com os filhos sofria pela falta de dinheiro, somente sua irmã trabalha, a casa já estava com 6 pessoas e agora mais uma criança chegando.

A criança suja e magra chorava deixada no canto.

As irmãs decidiram que iam fazer a doação para a casa da Irmandade Madre Tereza, que cuidavam dos órfãos da região.

Quase 13 horas de viagem, saindo de Jaú/SP até Joinville/SC. Muita canseira e orações devido às estradas.

Chegando a Joinville, Tereza e Tito foram até o barraco onde estava a suposta criança recém-nascida. Porém, a abordagem foi de entregar uma cesta básica para aquela família, com receio de que eles pudessem achar que era sequestro ou algo do tipo.

- Boa noite, tudo bem? Viemos trazer mantimentos para vocês. - Tereza.

Com receio saíram as irmãs e pegaram a cesta básica.

- São quantas pessoas na casa? Podemos entrar para conhecer sua família?

- Podem entrar.

Somente um cômodo que abrigava, sala, cozinha e quarto, alguns colchões no chão e uma portinha no fundo, que dava para uma espécie de banheiro, ao entrar, o casal ficou chocado com a situação daquela família.

Tereza olha no canto, um menino, já sem forças para chorar, sujo de fezes e extremamente magro. Ela pede para a mãe para pegá-lo e dar banho na pia da cozinha. Tereza havia deixado no carro alguns panos úmidos, fraldas e um berço que era para ser de Juliano, o filho que perdera recentemente. Pegou os apetrechos e adentrou novamente a humilde moradia.

Após terminar o banho e alimentar aquela família, o casal conversa com a irmã, sobre o que pretendiam fazer com aquela criança.

- Olha, tio, a gente não tem condições de criar mais ninguém. Vamos deixar na casa Madre Tereza.

Os olhos da Tereza, se encheram de lágrimas e disse:

- Ele nasceu para mim. Eu sou a mãe escolhida por ele. Nos deixe adotar.

A irmã disse que ia pensar e depois retornaria, pegando um número escrito no papel da mão de Tito.

O casal se recolheu em um hotel da cidade. E todo dia, voltava até o casebre, para tentar convencer as irmãs. Até que um dia, elas toparam.

Na caminhonete de Tito foram apertados, todos da família até o convento Madre Tereza.

Uma freira abriu a porta e, após compreender a situação através da conversa, pediu para que aguardassem na sala de espera.

O lugar era muito bonito, limpo e com cantos acontecendo em várias salas ao lado.

Passado alguns minutos a Madre superiora levou até uma sala mais reservada e explicou como é o processo de adoção.

Primeiro teria que ver as qualificações dos pretendentes a adoção, depois ver a situação real da criança e por fim a mãe biológica teria que concordar.

Todo esse processo burocrático demoraria aproximadamente 45 dias, foi o que explicou a Madre superiora para os presentes.

Para o casal restava esperar, mas devido à empresa no interior de São Paulo, não seria possível eles ficarem esperando em Joinville.

Decidiram voltar e aguardar a ligação do convento, em Jaú.

A espera era agonizante, porém não tinham o que fazer.

Após 35 dias, da última conversa com a Madre superiora, o telefone toca.

Trilimm...trilimm!!! (o telefone era dos anos 80).

- Está tudo certo. É só vocês virem para cá, assinar o documento de adoção e a mãe biológica também assinar.

O casal feliz da vida, partiu em busca do pequenino. Mais 13 horas naquela estrada horrível.

Chegaram no final da tarde e decidiram descansar, pois no outro dia seria o dia mais feliz de suas vidas.

Pela manhã, passaram pegar a família e a mãe das crianças disse que não iria mais dar para adoção o João, o menino já tinha nome agora.

Tito disse:

- Não tínhamos um acordo? Vamos levar a criança.

Após muita conversa com a irmã mais velha, conseguiram levar toda a família novamente em frente a Madre superiora.

A Madre explicou se ela não quisesse fazer a entrega, iriam entrar em contato com o conselho tutelar que já vinha acompanhando o caso e eles decidiriam o que fazer.

A mãe biológica, então, decidiu doar, assinaram os papéis. E para não ficar um clima constrangedor dentro da caminhonete, o casal, decidiu pagar um táxi para a família retornar para a pequena casa.

O casal voltou para o interior de São Paulo, fazendo algumas paradas durante o caminho, pois agora, tinham alguém que amassem mais que eles próprios, e não iriam arriscar a volta para o seu verdadeiro lar.

Alguns anos mais tarde, durante a adolescência, João, encontrou um senhor muito sábio e perguntou para ele, o que é mais poderoso que Deus na terra:

O velho sábio respondeu:

- Só há uma coisa mais forte que Deus na terra. É o amor de uma MÃE. Tudo que a mãe faz para o filho com amor é superior às vontades divinas. O diabo, tolo como ele só, ao invés de se rebelar contra Deus, deveria ter se tornado mãe para superar os poderes do Verbo. Mãe é mãe e basta.

Os anos se passaram e João se tornou escritor, podendo assim registrar essa linda história em livros e contos. O sobrenome que deram para o filho escolhido foi Castro.

Ass: João Castro - Escritor

João Castro escritor
Enviado por João Castro escritor em 19/04/2024
Código do texto: T8045017
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