Prólogo

Seus dentes afundando a pele, liberando a essência do seu sangue que dançava sob sua língua, despertando o saciar e o prazer. Ela fechou os olhos permitindo-se saborear a cada gota que escorria pelo canto de sua boca. Naquele momento ela não era apenas uma espectadora que consumia o seu alimento por sobrevivência, mas se sentia parte daquilo. Mergulhando em sua alma e absorvendo toda a sua vitalidade até o último pedaço, preenchendo todo o seu vazio. Um vazio que nunca foi preenchido, não como agora.

Seus olhos abrem abruptamente junto do barulho da porta que se bate contra a parede. O estrondo da maçaneta se debatendo e o ranger da velha porta, tomam o coração da pobre mulher. Como se estivesse estirada sobre uma mesa com seus órgãos expostos para aqueles olhos que a encaram com nojo parecendo crucifica-la, mas o que está estendido não é exatamente o seu corpo.

A mulher alta com seus cabelos tingidos de ruivo percorre com o olhar minuciosamente por toda a cena, parecendo julga-lá como culpada ou inocente. Com seus dedos cobertos pelo vermelho bordô ela tenta limpa-los em sua própria roupa, parecendo dizer silenciosamente que não é exatamente aquilo que ela está pensando. Se assemelhando ainda mais a um animal selvagem e irracional tentando arrumar a sua própria bagunça.

Um escorrer de lágrimas ilógico surge da mulher, agora culpada de algo que parecia tão certo. Chorava feito uma criança que acabou de derrubar um dos objetos favoritos da mãe, e depois de ser repreendida passava a soluçar implorando por perdão. Algo que não poderia ser concertado e corrigido, pois agora estava quebrado, logo mais, séria descartado feito nada.

Por um momento sua expressão fica vazia, questionando a escolha do corpo para saciar a sua sede. Só se julgava  como ele merecia tudo isso. Nada mais puro e misericórdioso como provar a própria alma condenada, dando a ela a pura liberdade imposta por alguém de alma pura e imaculada.

A mudança de expressões era nítida e constante, aparentava enlouquecer com seus próprios tormentos. Quando sua linha de pensamentos é interrompida por um calor corporal denso e aconchegante. Inesperadamente a mulher que ali estava agora se mantinha corpo a corpo com a outra, parecendo dizer que tudo iria ficar bem, mesmo que não seja verdade.

( a primeira vez que escrevo algo, gostaria de opiniões!!)

girombete
Enviado por girombete em 14/04/2024
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