Regressando além das Letras
Bate em meu coração, a saudade. O meu corpo sente seu pulsar mais forte. Minha alma hesita entre o esperar e a liberdade. Meus pensamentos se misturam, se - e me - confundem. Sinto o calor do amor se impregnar na minha pele, nos meus poros e, também, o fogo queimar o meu peito.
Bate em meu peito, saudade. Tenho vontade de abraçá-la. Fecho os olhos e volto no tempo quando apenas um sorriso seu me fazia viajar. É impressionante quando busco algo em você, mesmo tão distante sinto o seu cheiro, seu toque, sua presença e, em segundos, na minha imaginação, tudo passa a ser como antes.
É impossível não chorar de saudade. São lágrimas que marcam o início, meio e fim de uma felicidade que quisera e sonhava fosse constante, sentida e compartilhada por toda uma vida. Hoje vivo ilhado, fugindo de recordações, tentando cicatrizar as feridas, apagando o passado, mas tudo em vão. Vivo rememorando os caminhos de outrora, rastreando nossos passos e travando uma batalha com essa saudade, que não me deixa.
Calmamente, regresso às letras as quais, um dia, externaram os meus – e despertaram os seus - desejos, fazendo-nos, literalmente, sentir os prazeres, inclusive os semânticos! E nessa troca de carinhos, a solidão vence o desafio e, de repente, me imagino à beira de um rio, com minhas lágrimas por sobre as pedras e buscando na velocidade da correnteza o amor. Talvez fosse o mar, repousasse em silêncio, como os dos mais belos segredos.
Os espíritos do amor e da felicidade saem à noite, coletivamente, tentando juntar os pedaços que se perderam pela correnteza e trabalham madrugada afora sem êxito. Afinal, ninguém consegue mudar o destino somente por mudar.
Sinto que esse amor não vai morrer e um dia, quem sabe, depois de tantos regressos, me – e a - encontre no além de versos, poemas e canções. Até lá, regresso além dessas letras para discorrer sobre um eterno amor, que dentro de mim, descansa em paz.