UMA MENINA CHAMADA SODOMA
UMA MENINA CHAMADA SODOMA
Ela havia descoberto a pólvora
Ela e seus haveres todos datados
Tudo ao redor com prazo de validade
A família, um produto industrializado
Lembrou-se mocinha ah abusada
A mãe a pariu no mundo obscuro
Para não servir de mais nada
Criança saída de suas entranhas
Víscera vitelina da barrigada
Entranhas daninhas do medo
Medo mundo, destino vagamundo
A manhã tingida por bala perdida
O sangue abundou dentre pernas
Ela, inocente, ignorava o que era
Ficou sabendo ao ser medicada
Bateu de cara na juventude muito
Muito atormentada. Diziam dela
Ser muito, demais atormentada
Os fantasmas afásicos migravam
Até ela vindos da 5ª dimensão
Ela ignorava a imensidão real
Dos registros akáshicos, etéreos
Vindos do abissal espaço, energias
Energia mal sabida, de cemitérios
Embebida no véu do berço materno
Dessabia do anjo que outrora guardara
No invólucro em redor da aura
A pílula psiquiátrica a mãe usava
Nela não fazia mais mínimo efeito
Provocava nela imensa tristeza febril
Repetia para o médico que vira JC
Num galho de pé de goiaba
A floração piriguete, piricrente
Perturbou a mente afetada
Passou a todos a impressão geral
De que estava, na real, demente
Restava-lhe escapar via cores
Purpurina e azulão de capitão
Virou protesta ante a mexer com
Política mixada à religião. Coitada.