Sobrenome Gadêlha

Não há registro da história dos Gadelha em livros de linhagens portuguesas. O nome aparece raramente aqui e acolá, some e reaparece na forma de outros sobrenomes, fato comum, pela facilidade com que se adotava um novo e como se costumava mudá-los, adotando armas de outras famílias para sua descendência.

Etimologicamente, a palavra "Gadelha" vem de guedelha (ghê.dê.lha) que juntamente com os antigos castelhanos "vedeja"e "vedija" significa pelo enrolado em qualquer parte do corpo ou mecha de cabelos.

Esses sinônimos provêm do latim "viticula"- pequena videira e logo: cacho, anel e caracol de cabelos. O vocábulo é rico em forma dialetal nas Astúrias como "gedeyes", "guedeya"e no galego "guedella", "guedello", todos com o sentido de "mecha de cabelos".

Com sentido figurado, Gadelha traduz-se por lucro ou confiança, esperança. E assim, poderia representar os que buscavam essas necessidades através da atividade comercial. A expressão "ter gorda guedelha" significa ter lucro e "ter guedelha em alguém", ter arrimo, amparo.

Gadelha pode também significar mal gênio; "tener mala guedeya" nas Astúrias traduz-se por ter mal gênio; "vê-se com alguém às guedelhas" significa "travado, pelejado."

Umas raras biografias aparecem nas enciclopédias e livros de História: um tal Mestre Guedelha que foi piloto de Américo Vespúcio; os sábios judeus Abrahão Guedelha, médico e astrólogo do Infante D. Pedro, tio de Afonso V e o médico e astrólogo Guedelha Goleimo que serviu aos reis D. Duarte, D. Afonso V e ao Infante D. Henrique. Este apelido é comum entre os israelitas. Para Morais Silva, guedelha vem do hebraico "ghedilim", floco de fios, torça e cabelos grandes. Guedelha poderia ser o mesmo hebraico Guedalla ou Guedalias(?).

A Bíblia nos fala de um nobre Guedalias que governou Judá. Ben José Jachija Gedalia era um rabino italiano nascido em Imola (1500 a 1558). Seu pai era português e havia se refugiado na Itália fugindo das perseguições. Compôs uma obra intitulada "Hakkabbalah O' Catena Tradicionum"que contém a história do povo judeu, desde Adão, um tratado de cosmografia e uma notícia sobre anjos, demônios, paraíso e inferno. Escreveu também a "Genealogia dos Jachijap", desde 4656 até o ano 896. Praticou a Medicina e foi um notável orador. Nas enciclopédias judaicas há uma profusão de biografias sobre Gedaliah ( Judah, Judah Ben Moses, Ha-Levi,etc.) e Guedalla ( Haim, etc).

Neste último nome encontramos Philip Guedalla, escritor, filho de David Guedalla (1815 - 1904). Aqui no Brasil aparece um registro sistematizado da família portuguesa Gadelha, desde sua vinda nos tempos coloniais, por ocasião das Guerras Holandesas, para o Nordeste Brasileiro. Antonio José Victoriano Borges da Fonseca, antigo governador do Ceará-Grande, dedicou dois títulos de sua monumental obra, a "Nobiliarquia Pernambucana", prefaciada em 1748, à origem e primeiras descendências do casal Manuel da Costa Gadelha e D. Francisca Lopes.

Inicia sua descrição referindo-se aos Gadelhas, como uma "nobre família" e que Manuel da Costa Gadelha era português, natural de Lisboa ou Cartaxo, batizado na Pia de São João e que aqui veio para lutar contra os holandeses.

Afirma que Manuel da Costa Gadelha era Cavaleiro da Ordem de Cristo, Governador das Armas do Rio São Francisco em 1675; que deixou testamento de 1633 e faleceu em 1694. Está sepultado na Matriz de São Cosme e Damião em Igarassu (Igaraçu). Chegou primeiramente na Bahia onde se casou com D. Francisca Lopes, da família Leitão Arnoso, fidalgos da Casa Real. Cita o nome de seus pais e de dois irmãos; um que voltou para Portugal e outro que de lá nunca saiu, que exercia as funções de Familiar do Santo Ofício. Descreve a linhagem dos Gadelhas e as vinculações com outras famílias nobres, inclusive com a dele e a dos Albuquerques, antigos donatários de Pernambuco.

Há ainda duas outras referências. A primeira, um manuscrito encontrado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sobre Genealogias, da autoria de um Mendonça, referindo-se à família Gadelha. A segunda, uma indicação de uns escritos de um advogado chamado José Inácio da Silveira Gadelha, conservados no Mosteiro de São Bento, também no Rio de Janeiro. Quanto à Heráldica, percebe-se que o brasão do Padre José Gomes da Costa Gadelha, nascido em 1743 e neto paterno do Coronel de Cavalaria de Igaraçu, Jorge da Costa Gadelha (o primeiro do nome) e de sua segunda esposa D. Mariana Teixeira da Silveira e Albuquerque, é cópia do brasão de seu avô materno Antonio Gomes Pacheco, capitão vitalício de Itamaracá e com carta de brasão de Armas em 20 de novembro de 1696.

Seu brasão tinha as Armas dos Gomes e dos Pachecos; "de azul, com um pelicano de ouro, ferido de vermelho no ninho", como Armas dos Gomes e "de ouro com duas caldeiras de negro, uma sobre a outra, cada caldeira carregada de três faixas de veirado de ouro e de vermelho, com as asas veiradas dos mesmos esmaltes, serpentíferas de quatro peças de negro, duas para dentro e duas para fora", dos Pachecos.

No Brasonário de Portugal de Armando de Mattos, encontra-se na figura 844, o brasão dos Gadelhas que se identifica totalmente na figura e descrição, com o número 908, dos Lacerdas. O porquê dessa identidade heráldica é desconhecido.

Texto resumido.

Gadêlha. VIEIRA, Vanius Meton Gadelha. Fortaleza, CE: 2000.

Cat. BN 929.6

F 383.A V. 1

Observação:

Outras referências sobre os Gadelhas ( Guedelhas) : 1. Mendonça, Genealogias, M S, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 2. Salvador de Moya - Anuário Genealógico Latino - Volume I, Ano 1949, página 51- Origem de algumas famílias portuguesas: GUEDELHA: Usam o brasão de armas dos Lacerdas 3. Salvador de Moya - Anuário Genealógico Brasileiro - Volume IX, Ano 1947, página 291- Alguns brasões de armas portuguesas: 746 - GUEDELHA : Usam as armas dos Lacerdas. 4. Santos Ferreira (G. L.) - "Armorial Português", Lisboa,1920 - 23.Referência : Salvador de Moya- Revista Genealógica Brasileira, Ano VI - 1o. e 2o. semestre de 1945, número XI e XII, página 79.

FAMÍLIA GADÊLHA

https://sites.google.com/site/professoraumbelina/familia-gadelha

Umbelarte e Vanius Meton Gadelha Vieira
Enviado por Umbelarte em 17/05/2023
Código do texto: T7790368
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